O caminho para o tantra em uma ótica de desenvolvimento corporal aliada com redenção


Dentro do contexto hindu, do Tantra e do Yoga, pensar em iluminação [ samádhi] é um processo que envolve duas vias: desenvolvimento e redenção. Algumas pessoas lendo Osho de forma rápida, às vezes saem falando coisas no sentido de abdicar ou suprimir o ego. Mas abdicar do ego é uma incoerência e uma auto flagelação. Não é esse o caminho para o Tantra: reprimir, lutar contra o próprio desejo e existência individual.

Entrar no samádhi significa expandir a consciência! Assim, conhecer e respeitar a si mesmo: um ser orgânico, com o físico em profunda conexão ao emocional e mental. Ou seja, é encontrar seu eu, no aqui e agora. Isso ocorre no imediato, mas o paradoxo é que representa um desenvolvimento corporal, emocional e mental.

Ao mesmo tempo, não é ir para o outro extremo. Querer entrar em samádhi, como um estado “superior” pode parecer como uma ideia de conquista, o que pode agradar ao ego. Mas, na real, esse estado consiste em entrar em um estado natural de êxtase existencial, como em um grande orgasmo perene e constante, no qual você se sente em união com toda a existência.

Do Êxtase e da ativação da Kundaliní

É um estado de êxtase por se estar em união com algo muito maior. Na real, o estado representa de forma essencial a ativação e subida da Kundaliní. Ou seja, quer dizer que essa união ocorre entre você com você mesmo. Nesse ponto, podem haver enganos: a pessoa pode achar que se isolar no alto da montanha ajuda. Só que não!

Alguém que não é capaz de sentir essa conexão, vivencia maia, com os corpos ilusórios. Maia dá origem à luta, e parar de lutar te ajuda a entrar na redenção existencial. Ou seja, você e o “outro” são o mesmo ser com vivências e experiências distintas. Por conta das distintas ilusões, o medo prolifera e toma conta da vida.

O conceito de abundância dentro do Tantra

Buda usa uma definição para “Nirvana”, a iluminação: “É o fim do sofrimento.” O Caminho de Buda é um dos 112 caminhos propostos por Shiva, no Vighyan Bhairav Tantra. No caso, o conceito de liberdade do Tantra vai no sentido de olhar para o desapego, que em certa medida representa a raiz do sofrer. Mas quando o praticante entra em uma fluidez de experiência, o viver da abundância vem à tona.

Além disso, é difícil de imaginar uma pessoa que tem o ego na lua querendo a fluidez. Em geral, essas pessoas gostam de atrito, de “coisas difíceis”. O ideal tântrico passa longe da luta, uma esfera do ego, o ideal do Tantra na realidade se mostra mais pé no chão: ele olha para a matéria. A pergunta fundamental que a pessoa pode fazer a si é a seguinte: porque estou fazendo isso que estou fazendo? O que eu vou levar disso? Essa reflexão é interessante para você perceber o que é importante para você. E logo depois de responder o “porquê”, você já pode se perguntar o porquê do porquê! Isso ajuda a se libertar de certos condicionamentos. O entender de sua própria atitude interna, levando a morte em consideração.

Tampouco existe um “super ego” buscando isso. nisso, não é mesmo? E isso tem a ver com a atitude interna dentro do Budismo: a via é pela negação. Não é isso. Estar no nirvana significa chegar ao fim do sofrimento. É a morte? Não! Porque de acordo com a crença budista, não adianta morrer, se você vai voltar.

Sofrimento, desenvolvimento e redenção

A interpretação Budista tende a ir pela negação. Ele nos diz o que a iluminação não é: não é sofrimento. E quando não há sofrimento, o que existe é silêncio. O mais profundo silêncio [ bebaak]. Cabe ao praticante passar pelos estágios de desenvolvimento. Às vezes pode não fazer sentido ou fazer sentido como uma crença, um mistério. O Tantra responde: mesmo que não faça sentido, pratique. Se a técnica te fizer diferente, te trouxer mudança interna, uma perspectiva diferente, significa que a alquimia está ocorrendo. A armadilha está no desejo, acolha seu desejo, mas não crie desejos sem fim.

Assim, os termos da abundância envolvem a sua própria consciência e estar ciente do fato do ser e estar como finalidade última: o aqui e agora são um exercício. Esse estar presente irradia processos no campo financeiro, afetivo, familiar, social, de saúde etc. Como naquele jogo de derrubar o dominó, um processo no Tantra vai reverberando a consciência, que reverbera em abundância, não só financeira, mas também. E o melhor, não há necessidade de olhar pra nada além daquilo que está no aqui e agora. O real já presente. Assim, vale a pena entrar na redenção como forma última de desenvolvimento pessoal.

Publicado originalmente em https://attitudetantra.com em 29 de Maio de 2021

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