O que a vagina tem a lhe dizer

O orgasmo feminino como uma prática de cura criativa

O que a vagina tem a lhe dizer

publicado por Camila Fraga

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Eu fui encontrar uma terapeuta tântrica. Nas últimas semanas, estudando sobre sexualidade feminina, a palavra “tantra” era recorrente nos estudos que li sobre o assunto. A ideia de que a mulher deve entrar em si mesma e não depender do outro era algo que sempre foi um dos meus princípios, mas que quase nunca era posto em prática.

Afinal, é muito difícil liberar alguns tipos de memórias e padrões que são claramente impostos pela sociedade. Sem contar que, a sexualidade feminina, não muito estudada, é pouco difundida. A ideia de que um homem precisa fazer uma mulher gozar é bastante perigosa em vários sentidos. Até porque o orgasmo é algo teu e precisa ser descoberto e experimentando primeiramente com você, depois com o outro.

Eu sabia que estava trilhando esse tipo de caminho agora, do tantra, porque estava preparada para isso. Tinha organizado minha mente para novas experiências e construído isso ao longo do tempo. Eu me sentia um pouco mais livre que de costume e irradiada por uma potência criativa que há muito tempo tinha se apagado em mim.

A casa (localizada próximo do metrô Paraíso, São Paulo), onde acontece os atendimentos, é aconchegante e bonita. Várias plantas ornavam o ambiente, com um jardim muito bonito logo na entrada. Esperei um pouco, até que Cláudia me encontrou ali na frente. Eu tinha chegado até ela por conta de um grupo de facebook. Expliquei que estava escrevendo sobre processos femininos e o tantra era um tema que se fazia presente em diversos estudos.

Cláudia é uma mulher jovem e energética. Ela me deu um abraço e sentamos uma em frente a outra. Eu pedi para gravar a conversa e ela aceitou.

Em menos de alguns minutos, me falou algo que combinava com diversas coisas que eu havia lido e experimentado: “A mulher precisa entender que o orgasmo é dela. O homem pode tê-la ajudado a chegar lá, mas o orgasmo é dela. Não coloque expectativas em pessoas ou coisas. É só você. Esteja inteira. Não fique dependente do outro. Temos que aprender o lance do desapego. Realmente trabalhar e viver isso. Quando algo é muito bom, você quer reter. Caímos em padrões antigos, da nossa infância, da falta, quando a mãe corta o vínculo com a gente. Temos que trabalhar essa dependência”.

Talvez era o que eu precisasse escutar naquele ponto. Eu sabia que às vezes era difícil se desapegar de alguns padrões. E até de sentimentos, mesmo que a gente não entenda eles muito bem de primeira. A verdade é que quando as pessoas não estão preparadas para vivenciar profundamente suas sexualidades (o que geralmente não estão, por conta de todos esses anos em que o aprendizado predominante sobre sexo é a pornografia), elas simplesmente farão de tudo para sabotar a situação.

“No tantra, o corpo responde de uma forma completamente diferente. Os estímulos são diferentes. A forma como você acessa o orgasmo e o prazer são completamente diferentes. Você modifica os padrões com os quais tem os hábitos consolidados”.

Temos muitos padrões estabelecidos sobre sexo, mas o maior tabu de todos ainda é o orgasmo feminino. O orgasmo é uma fonte de poder para a mulher, onde ela acessa sua energia mais criativa, sua confiança, sua autoestima e seu amor próprio. Segundo Naomi Wolf, “a vagina proporciona às mulheres as sensações que as levam a criar, explorar, se comunicar, conquistar e transcender. (…) a verdade é que uma vagina bem tratada é um meio que libera, no cérebro feminino, o que podemos chamar, sem exagero, de componentes químicos do significado da vida”. Então por que, mesmo com toda a liberação sexual, as mulheres ainda não estão vivenciando esse orgasmo pleno? Será que é por que os homens não sabem o que fazer com seus corpos ou também por que elas mesmas se prendem a preconceitos orgásticos e não vivenciam em sua plenitude seus próprios corpos?

“O orgasmo é de quem? É nosso! Você vai ter que gozar com qualquer um, no sentido de conhecer o seu corpo. A responsabilidade é sua também. Eu tenho notado muito esse tipo de comportamento. O sexo é feito sozinho?”.

Cláudia esclareceu algumas coisas interessantes sobre o tantra. Por exemplo, o trabalho do tantra se foca em outras questões. Não é só o orgasmo. Ele, por sinal, é a última coisa. Para ser vivenciado em sua profundidade, é necessário trabalhar primeiro a autoestima, o reconhecimento e os padrões que estão lá no subconsciente que vem à tona durante a massagem. “Mexe com todas as estruturas. A pessoa começa a acessar lembranças. Algumas entram em catarse durante o processo”.

“Cada terapeuta atende de uma maneira, dependendo da queixa do interagente. A primeira massagem será pelo segundo nível (Êxtase) que é o estímulo da pele e depois da Yoni (Vulva). Depois da mulher estar receptiva ao toque, será realizada as manobras na vulva e o uso do bullet de forma não invasiva para ajudar na percepção e crescimento da onda orgástica. A movimentação energética inicia desde o primeiro toque e vai gradativamente aumentando para o uso do bullet”.

Esses estímulos são geralmente contrários aos que você está acostumada, ou seja, o orgasmo é acessado de outra maneira.

O orgasmo é um meio de liberação. Mas, por conta de como a sexualidade é retratada atualmente, acabamos tendo a noção errada de que o orgasmo é apenas um estado momentâneo de êxtase, sem nos preocupar com nossos corpos e com nossas energias. O corpo é nosso e precisa ser cuidado, escutado, amado. Precisamos entender que liberamos sim coisas, que temos sim o êxtase, mas que é também uma potência criativa e que quanto mais trabalharmos em cima dela, mais brilho e energia teremos em nós.

Cláudia olhava em meus olhos enquanto contava todas aquelas histórias sobre mulheres e suas dificuldades em encarar suas sexualidades de forma positiva. Fiquei ainda mais interessada quando ela começou a me explicar que em alguns pontos do tantra, a energia é transformada em picos criativos. Essa energia é levada para outros chakras do corpo.

“Trabalhamos com carga e não descarga. Orientamos essa carga. Quando você faz subir pelos chakras, ela distribui a energia em seu corpo. A energia vai e volta. Somos carga e descarga. No orgasmo comum só acontece a descarga, então você acaba com essa energia. Essa energia não vai diretamente pra criatividade, nem para as coisas boas que você quer. Uma cliente já falou que dorme menos, tem mais pique, tá mais alegre e feliz”.

Claro que você precisa ter um terapeuta confiável que saiba conduzir a energia.

Ela tirou todas minhas dúvidas sobre a prática. Uma espécie de conectividade energética (as quais eu vinha dando “sorte” de ter nos últimos tempos) tomou conta da sala, enquanto começamos a contar de experiências pessoais.

Foi quando entendi que o que eu vinha experimentando não era sorte. Todas as coisas positivas que estavam acontecendo, eram na realidade, frutos do meu próprio trabalho comigo mesma. Eu estava me permitindo a essas energias.

Demos um longo abraço antes de eu ir embora e marcamos a minha sessão para dali 1 semana.

“Você vê o crescimento e começa a trabalhar a sexualidade de forma completa. O gozo é uma palavra mal vista ainda no Brasil. Mas tem a ver com a celebração da vida. Como está sendo seu gozar?”

Veja a matéria completa na página original (Medium)







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