A riqueza da diversidade
publicado por Deva Harischandra
A cultura pode ser bastante destrutiva para pessoas que se encontrem fora dos padrões impostos, aceitos e incentivados. É muito comum que elas carreguem por anos, dores, sofrimentos e frustrações enormes por não se sentirem livres para expressar a sua sexualidade ou a sua identidade de gênero. Não se enquadram, mas não conseguem se permitir serem quem são devido a tantas pressões, olhares condenatórios, comentários que ferem, ou por acreditarem que estão em pecado, que estão contra a divindade e, por vezes, por não conseguirem se aceitar, e acabam vivendo uma vida dolorosa, cheia de repressão e culpa.
Algo que para alguns pode ser tão natural e belo, o fato de sermos diversos, plurais, únicos, pode parecer um grande absurdo a indivíduos preconceituosos, ainda com todo o esclarecimento e riqueza de informação que temos disponível atualmente.
A sociedade determina os padrões, as orientações e identidades que serão incentivadas e as que serão discriminadas. E muitas vezes, acabamos por seguir essa “cartilha comportamental”, sem pararmos para refletir sobre o quão isso é um grande equívoco cruel. Pessoas são alvo de violências e discriminações de diversos tipos por conta dessas regras sociais impostas de forma tão dura e influente ainda.
A orientação sexual, o sexo e a identidade de gênero não são simplesmente escolhas. Lutar contra o que sentimos, viver nos encaixando em um determinado modelo para evitar a dor do julgamento pode levar a dores ainda maiores, distúrbios psicológicos e a carregar enormes pesos ao longo da vida. Expressar a própria sexualidade é imprescindível para a saúde mental e emocional de todos nós.
Para uma melhor compreensão:
SEXO – É um determinante biológico: macho, fêmea e intersexo. Nos caracteriza fisicamente, como os órgãos reprodutivos.
Uma pessoa biologicamente intersexo possui as características físicas sexuais de macho e fêmea.
GÊNEROS – São o que culturalmente, construímos como masculino e feminino. Que por termos nascido com determinado órgão sexual, espera-se socialmente que tenhamos inúmeras características comportamentais e culturais relativas a ele.
Daí vem muitas falas carregadas de preconceitos e imposição de limitações:
- Meninos vestem azul e meninas vestem rosa!
- Menina não senta de perna aberta!
- Isso não é coisa de menino(a)!
- Menino(a) não pode fazer isso!
- Isso não é para você!
- Futebol é de menino e ballet é de menina!
- Menina não brinca de carrinho!
- Isso é muito feio pra menina!
E por aí vai...
São muitas as frases limitantes, castradoras e carregadas de preconceitos e repressões, que acabamos ouvindo ao longo da vida.
IDENTIDADE DE GÊNERO – É relativa ao gênero com o qual a pessoa se identifica.
A pessoa biologicamente fêmea ou biologicamente macho, pode se identificar tanto com o gênero feminino quanto com o gênero masculino.
Quando a pessoa se identifica com o gênero relacionado ao seu sexo biológico, ela é chamada de sisgênero.
Quando a identidade da pessoa difere do gênero relacionado com o seu sexo biológico, ela é chamada de transgênero.
ORIENTAÇÃO SEXUAL – É sobre por qual gênero a pessoa se sente atraída afetivamente ou sexualmente.
Geralmente é dividida em orientação heterossexual, homossexual ou bissexual.
É muito possível que muitas pessoas transitem por orientações sexuais diferentes por suas próprias experiências de vida. Portanto, a orientação sexual de uma pessoa não é necessariamente fixa.
O mais importante nisso tudo, é perceber que não cabe ditar regras ao outro, que todos devemos respeitar e naturalizar que as pessoas vivam de forma que possam expressar a sua verdade, sua liberdade e que devem ser aceitas como são. Certamente todos ganhamos em qualidade de vida, saúde mental e emocional, dignidade e maiores possibilidades de sermos felizes em sociedade.
E viva a diversidade!