Inteligência Emocional
publicado por Deva Harischandra
As pessoas da minha geração, em sua grande maioria, devido a questões histórico-culturais, foram ensinadas a buscar desenvolver o intelecto, admirar e inflar o ego daqueles que o desenvolveram bem.
E as emoções, que fazem parte da nossa vida o tempo todo, acabaram ficando de lado, foram tratadas como frescura, coisa de gente fraca, algo sem importância, recentemente chamadas de mimimi...
Precisamos olhar para as nossas emoções. Curar a necessidade de projetar nossas expectativas no outro, o condicionamento do nosso bem estar às atitudes do outro, o ímpeto culpabilizar o outro pela forma como nos sentimos.
A maneira com que sentimos as emoções determinam a forma como lidamos com tudo ao nosso redor. Se sentimos raiva, é raiva o que compartilhamos. Se sentimos amor, é o que compartilhamos. Ou sabemos equilibrar nossas emoções, ou somos falsos, reprimindo o que estamos sentindo verdadeiramente.
É uma coisa bem importante pra começar a ensinar desde cedo às novas gerações. É urgente começar a tratar as crianças com respeito, com amor, com carinho, deixando-as seguras para serem espontâneas e criativas. Poupando-as de comparações que estimulem a competição e a busca pela perfeição, que as façam sentirem-se inferiorizadas, do sentimento de culpa, do peso de expectativas gigantescas sobre seus ombrinhos, da vontade de que se tornem robôs que fazem somente o que é esperado delas, mesmo que lhes seja torturante, por acreditarem que apenas assim serão aceitas e amadas.
Você tem reparado o quanto algumas crianças falam alto? Elas querem ser ouvidas e muitas vezes o que dizem é ouvido como se não tivesse importância, como se fosse bobagem. A criança fica ignorada e para ser ouvida acaba elevando a voz.
Criança também tem que ser olhada no olho, ouvida com atenção, se sentir segura e confortável para conversar sobre o que quiser com as pessoas próximas. Sem medo de ser reprimida, julgada, ridicularizada ou apanhar por isso.
Quantos de nós sofreram com criações duríssimas, super repressoras, conviveram com ameaças, gritos, palavrões, castigos, comparações, palavras que magoaram profundamente, duras críticas, foram taxadas de algo ruim e acreditaram que isso as definia e tantas outras coisas que acabaram marcando a vida adulta de uma forma negativa?
Os pais agiam assim porque acreditavam naquele momento que era certo agir assim. Mas vale a pena continuar reproduzindo esse mesmo tipo de tratamento com as crianças agora?
As feridas emocionais da infância podem sangrar pela vida inteira. Nos tornar adultos fechados, vergonhosos, duros, sem paciência, sem empatia, carregados de culpa, medo, insegurança, tristezas, fragilidades, carências, sentimentos de inferioridade, falta de amor próprio, “senhores da moral alheia”, juízes da vida dos outros... Porque continuamos a carregar aquelas crenças de que somos daquela forma que nos sentimos quando éramos crianças e fomos tratados de uma determinada forma que nos fez acreditar nelas.
Claro que podemos conseguir deixar essas feridas para trás se tomarmos consciência delas e tivermos o entendimento de que podemos curá-las, de que já passou e que como adultos, damos conta agora de tais questões.
No entanto, nem todas as pessoas encontram caminhos que trazem essa luz à consciência e acabam aprisionados naquela visão ruim que têm de si próprios e trazem consigo uma série dessas questões emocionais que só geram dor e prejuízos.
Se podemos evitar que as crianças sejam feridas tanto fisicamente quanto emocionalmente, já contribuímos muito para que sejam adultos saudáveis, felizes, confiantes e que vão passar adiante essas características, através dos seus comportamentos, de uma forma muito mais natural.
Óbvio que desenvolver a parte intelectual também é super importante. Mas quando se tem saúde e inteligência emocional, a parte intelectual tem muito mais liberdade, criatividade, segurança e outros recursos para se desenvolver.
Que a inteligência emocional seja vista com tanto valor quanto a intelectual. Cuidemos de nossas crianças, de nós mesmos e uns dos outros. Conscientes de que cada um é importante, de que traz consigo suas potencialidades e que todas devem ser valorizadas, que somos seres imperfeitos e que não há um modelo a ser seguido, de que está tudo bem ser quem se é.
Sempre!