Mal-amada
publicado por Deva Harischandra
Termo muitas vezes utilizado para classificar uma mulher que está ranzinza, de mal com a vida, triste, estressada, chateada, distribuindo reclamações e negatividade... Também é muito utilizado para classificar a mulher que se impõe, que briga por seus direitos, que não diz amém a tudo que lhe é imposto, que é livre, que não abaixa a cabeça e não se curva diante de quem se acha autoridade... Também utilizado para fazer referência à mulher solteira que, diante de qualquer negativa dela, pode receber o título de mal amada.
Na grande maioria das vezes, esse título vem acompanhado de risadinhas maldosas, fofocas, cochichos. Tudo feito pelas costas.
Eu já fiz isso. Houve um tempo que usava o termo “mal-amada” em alguns desses sentidos. E o quanto na época eu era mal-amada. Me rejeitava o tempo todo, odiava muitas partes do meu corpo, me sentia inadequada, agia conforme acreditava que os outros esperavam, sempre em busca de aceitação e validação alheias. Não fazia a menor ideia de quem eu era, incapaz de reconhecer o meu valor, não conhecia minhas potências e qualidades, não conhecia nem sabia como lidar com as minhas sombras, que quando se manifestavam, eu era incapaz de perceber o que estava por trás delas e apenas era tomada por suas fúrias, e depois me sentia imensamente culpada e mais uma vez me depreciava por isso.
Hoje sei que ser bem ou mal-amada(o) só depende da gente mesma(o). É nos conhecendo, nos apropriando de quem verdadeiramente somos, nos aceitando profundamente, valorizando as coisas que admiramos, nos acolhendo, ressignificando e transmutando crenças e sentimentos negativos, acessando nossa essência, são as formas com que vamos fazendo crescer o amor próprio.
Só é mal-amada ou mal-amado quem não se ama. E é muito clichê, mas é também muito verdade, que ninguém valoriza quem não se valoriza, que nós é que mostramos aos outros como aceitamos sermos tratados.
Como posso querer receber respeito, amor, carinho, delicadezas, gentilezas, se não me trato assim? É muito importante nos tratarmos da forma como gostaríamos de sermos tratados.
Se ao nos olharmos no espelho, nos julgamos o tempo todo de forma negativa, se não preparamos coisas gostosas e agradáveis pra nós mesmos, se não nos olhamos com carinho, se não temos cuidado e generosidade com a gente mesma(o), se não nos presenteamos com momentos e conexões agradáveis, é uma excelente oportunidade de olharmos pra dentro e começarmos a mudar esses comportamentos.
Há muita gente que só prepara uma comida caprichada, arruma a casa com mais carinho ou se arruma com mais cuidado e atenção, quando vai estar com outra(s) pessoa(s).
A vida é preciosa, e é o momento em que estamos agora, e a gente merece ser amada(o). É pela gente que o amor começa. Sejamos extremamente bem amadas(os) por nós mesmas(os) em primeiro lugar. O amor não é externo a nós.
De forma alguma estou dizendo que somos autossuficientes ou independentes dos outros. Não. Somos seres sociais e as relações são muito importantes, enriquecedoras e podem ser muito prazerosas pra nós. O que digo, é que muito importante também é ter admiração por si, amor e prazer em estar consigo mesma(o). E que isso melhora a qualidade de todas as outras relações.
Que a gente se ame tanto, que não haja outra possibilidade além de transbordar esse amor por onde passarmos.
Se precisar de ajuda, o Tantra tem muitas ferramentas que podem auxiliar no seu processo, é um caminho mais que lindo, incrível e poderoso no sentido de aceitar-se e valorizar-se como ser único que é, conduzindo-nos ao encontro do nosso amor próprio. Aproveite! Está disponível a todas(os) que estão dispostas(os).