Onde os Deuses se abraçam e beijam o céu
publicado por Sasha - TANTRA TERRA
Tal qual o feminino e seus ciclos mensais e lunares, o masculino também é abastecido de fases e representações cíclicas, porém anuais em sua tônica de vivências através de suas fases solares, representadas pelas estações do ano, formando uma grande dança cósmica.
Nesta dança cósmica solar o homem dispõe, além das 4 fases solares que acompanham as estações do ano, e tão essencial quanto um homem conhecer os ciclos do feminino para relacionar-se bem com o meio e consigo mesmo na sua porção Yin, é essencial que as mulheres conheçam as fases do masculino e saibam honra-las através da própria energia Yang e possa também honrar o entorno sem sua representação solar.
Essa dança de polaridades, e que prefiro chamar de paridade, afinal nada em nossa realidade física funciona com as partes em isolamento ou em negação, ou mesmo em menosprezo de suas forças, é o que faz a roda de manifestação girar em abundancia cíclica a seu favor, independente da fase.
O sagrado masculino é um culto consciente a energia Yang, ao Lingam ou falo, mas de forma a não converter esse universo ao uso indiscriminado da sua força masculina à energia sexual praticada de forma ordinária e sem consciência, independente de como a use, a chave é sempre a consciência do propósito e a união à divindade, seja ela alguma que você cultua, seja ela a mais importante, aquela que habita em si.
Essa dança cósmica de Shiva tem início logo após o nascimento, seguido de morte e renascimento ao longo do ano. O homem que entende seus ciclos, se move de acordo com sua proposta obtendo maiores oportunidades de concretização e saúde num nível profundo, pois promove facilmente mudança positivas em sua vida e no exercício dos seus propósitos de ação.
Vamos demarcar os passos dessa dança masculina através das estações e de arquétipos de Deuses principais, que dão estrutura de representação dos ciclos para melhor compreensão e estruturação do movimento masculino do mundo, no mundo e do seu universo particular.
A Primavera é a melhor fase do ano para o homem fazer mudanças na sua vida, porque é a estação mais favorável para o desabrochar das suas energias internas e para o florescimento de novas energias para novas conquistas. Esta é a época privilegiada de ressurreição de toda a natureza e do florescimento para a tomada de frutos. A fase onde o homem experimenta o universo como uma criança, entrando em contato com toda euforia e energia que esse ciclo pode proporcionar, e o nascimento de uma alma renovada e inspirada para a ação no ciclo seguinte. Os arquétipos Deuses para este ciclo são: Adonis, Cristo, Brahma, Dionísio, Eros, Himineu, Cernunnos, Marduk, Pã, Shu. Todos carregam a essência da primavera nesse ciclo.
No verão, se for capaz de viver de forma fluida a sua ciclicidade interna e também externa, afinal nossos ciclos conversam também com o meio, o homem irá sentir-se muito poderoso, com energia sexual ampliada, um enorme poder de sedução para conquistar uma Shakti, um novo objetivo, um novo ciclo de realizações, e sendo o ápice de energia, também para ação de novos projetos que derem início no florescimento de sua primavera, estando em plena forma energética, como os Deuses Apolo, Hórus (como Falcão Solar), Dagda, Hélio, Khepri, Rá, Lugh, Zeus, Hanumam, Agni, Cernunnos que trazem em si a força de realização da ação e da projeção da criação.
O Outono representa o recarregar das energias masculinas, ele já iniciou na primavera, se doou no verão e agora precisa de se recolher no útero cósmico afim de se proteger e de se revitalizar. Deixar as flores e folhas caírem para uma nova fase onde seu poder será revertido para um novo polo, desnudado e em conexão mais profunda com a Terra, assim como os Deuses Adonis, Dumuzi, Tammuz, Osíris, Merlim, Odin, Shu, Anúbis e Thot que se permitem a conexão com uma certa maturidade na suas ações e não trazem a força da eficiência através da extrema vitalidade, mas sim da consciência de si.
Chegamos ao fim de um grande ciclo, ao lugar de poder feminino do homem representado pela chegada do inverno, um momento de recolhimento para suas raízes, para o fundo da Terra, sendo uma postura necessária para reativar o vigor e ressurgir renovado para novos ciclos e em consonância com a mãe Terra, o maior corpo feminino que lhe abriga em essência de matéria nessa experiência de vida.
Esse retorno necessário ao útero faz você entrar em contato com seu mundo mais íntimo, interno e profundo, ocupar-se de sua natureza e do entorno, ponderar suas metas e as conquistas já alcançadas e lentamente ir tecendo novas perspectivas de ação futura. A escuta se faz muito necessária nesse período para adquirir novas consciências, afinal está numa época de morte, esse retorno ao útero é representado pelos Deuses Hórus, Cristo e Krishna, onde todos estes se apresentam como crianças, Hades, Osíris, Shiva, Set e Ull (ou Wulder), deuses que estão acolhidos pelo feminino, pelo útero materno planetário para reconstituir suas forças e para se prepararem a retomada da sua primavera e renascimento.
É de extrema importância que o homem se reconecte com seus ciclos, assim como as mulheres estão se conectando também por base desse resgate consciente. A representação das divindades do masculino que se seguem nesses ciclos são arquétipos de extrema ajuda para que você se desenvolva em cada fase, sendo de imprescindível importância trabalhar a força de um Deus como força matriz de seus ciclos e apropriação de suas forças.
Algo interessante e de essencial importância para conexão desses ciclos são os calendários. Assim como o feminino dispõe do calendário lunar para acompanhar suas nuances, o homem também pode dispor do seu calendário solar para acompanhar suas projeções ao longo dos anos, separado por estações, e diariamente através de palavras, desenhos ou símbolos para representar sua energia do dia a dia e suas experiências.
Descrever em como se sente em relação ao seu corpo e suas emoções, com sua libido, sua relação com demais pessoas e como está também sua capacidade de comunicação, projetos, insights e ideias. Procure também observar os resultados obtidos em cada estação, assim como a projeção do próprio sol no dia, se há muito ou pouco sol, assim como a temperatura desse dia. E não menos importante, relate suas práticas, meditações, exercícios físicos, alimentação, relações sexuais e tudo aquilo que te liga com o campo da matéria e por consequência da espiritualidade.
Voilá, temos um novo homem cíclico, um Shiva disposta a entender, se conectar e interpretar suas nuances ao longo das suas vivências. Tornar-se um homem conectado e sensível ao seu próprio ciclo lhe trará liberdade e acolhimento ao entorno e o mais importante, a si mesmo e as suas diferentes representações. Alinhe-se, sinta-se e liberte-se de padrões pré-estabelecidos que fazem com que você seja produtivo o ano inteiro e alguém de ação para toda obra. Masculino curado também é acolhimento e morte longe de efetividades mil e repetições de comportamentos que fazem com que vocês não sintam suas próprias necessidades.