Um olhar para além do sexual
É comum muitas pessoas procurarem conhecer o Tantra em função do aspecto sexual. Não há nada de errado nisso. Contudo, é importante abrir a mente para que o conhecimento se faça presente e dê espaço para a compreensão global desse universo tão rico quanto libertador. Eis um ponto fundamental. Por que o Tantra é "libertador"?
Imagine uma sociedade em que o corpo alheio seja tão natural quanto respirar. O problema é que muitos de nós sequer sabe respirar. Então, olhar a própria sexualidade e a sexualidade alheia com respeito, admiração, carinho, afeto e compreensão, se torna uma tarefa muito difícil.
Entender ou buscar a entender que a sexualidade não está apenas atrelada à prática sexual, mas sim a toda inter-relação do Ser com a Criação é um primeiro passo.
Depois de algum tempo que varia de pessoa para pessoa o exercício da observação e da percepção de que todos são criados a partir de uma única fonte e que, por isso, estão interligados entre si, faz com que pensamentos e interpretações, muitas vezes inadequados ou inapropriados, diminuam ou se desfaçam.
Pensamentos ou posturas considerados retrógrados, conservadores ou puritanos, bem como a interpretação radicalmente liberal, são resultados muitas vezes da educação recebida durante toda uma vida.
Transmutar o olhar para si e para o outro, partindo do pejorativo, do vulgar, do libidinoso, do proibido e do pecaminoso, para o aspecto natural. Essa é uma das propostas fundamentais do Tantra. Reconfigurar a mente e o coração para assimilar e sentir além da superfície da ilusão é poder dar a oportunidade de enxergar a profunda verdade que solta as algemas mentais, que aprisionam o indivíduo em uma cadeia de pensamentos viciosos ou viciados, e o castigam em uma cela de escravidão moral.