Ser ou não “ser”. Eis a questão
publicado por Sasha - TANTRA TERRA
O Tantra sempre aborda a presença em primeiro lugar. Todo trabalho é voltado a percepção do corpo, da respiração, da atenção aos seus pensamentos e emoções, e quais sentimentos elas geram.
Porém há uma grande pegadinha existencial nisso tudo e que exige atenção pra além da sua identificação com você mesmo ou com o processo que você está vivendo nesse exato agora. Como você está, é muito distinto de como você é.
Ser não é estar, e estar não é quem você veio para ser. A grande cilada humana da identificação para dentro (somente) das suas fronteiras físicas, é de se enganar com seus obstáculos, com seus momentos, idas e vindas de humor, estados de espirito e de reações químicas. Isso mesmo, o corpo é repleto de reações químicas e isso influencia ritmicamente e fortemente em como nos sentimos, e quem realmente somos pode estar pra além dessa fronteira de mundo particular.
Existem duas leis Herméticas capazes de explorar isso nesse universo que nos abriga e no universo que abrigamos. Trata-se da lei do ritmo e da vibração, que diz:
"Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação", e, "Nada está parado, tudo se move, tudo vibra"
Na primeira compreende-se que o princípio da manifestação do ritmo é compassado pela criação e destruição, ascensão e queda, conversão da energia cinética para potencial e da potencial para cinética, onde os opostos se movem em círculos a ponto de se tocarem em diversos pontos da mesma órbita. A lei do ritmo assegura-se na complementação, ou seja, você hoje está num dia extraordinário decorrente de algum acontecimento ou estado de espírito que lhe deixa extasiado, amanhã esse êxtase pode dar vasão a uma ruptura da corrente de empolgação para a letargia.
Já na segunda lei, traz a ideia de que todo movimento é vibratório onde o todo se manifesta nesse princípio. E tem-se aqui como “o todo”, absolutamente tudo! Você e todo universo que lhe envolve dentro e fora, em magnitude e “minimitude”. Todas as coisas se movem e vibram em seu próprio regime vibratório. Uma pedra vibra, o universo vibra, o corpo humano vibra, o que você pensa e sente vibra, e nada, absolutamente nada está em repouso, das galáxias aos átomos contidas em cada célula do seu corpo, e esse corpo, a matéria, não é passiva e nem mesmo inerte, mesmo aparentemente em repouso.
Sendo que tudo é energia em constante movimento e que tudo em ritmo se move para que seja mantido o equilíbrio, distanciar o corpo, as emoções e a mente do processo da criação e das leis universais é uma enorme falácia, maior ainda partindo de um princípio de “individualismo excludente”.
Somos únicos sim, como cada celular em nosso organismo capaz de ter funções únicas, mas fazemos parte de um corpo em movimento muito maior. No Tantra somos encorajados a despertar nosso máximo potencial de presença, acessando nossos corposem diversos níveis de profundidade e de função, somos arremessados para entrar em contato com todo que temos e que somos, mas o que temos e como estamos não é quem somos de fato. Como estamos, assim como o que podemos ter faz parte de um processo, de uma roda de percepção, de uma caminhada que fará com o que somos num cerne mais estável desse grande giro atualize nosso verdadeiro eu, o Ser dentro de você. Esse verdadeiro eu, longe das dinâmicas desse grande jogo é aquele que está no centro da rede de comando de tudo que viemos melhorar nessa existência.
A partir do momento que somos empurrados a esse grande abismo de tudo que podemos perceber, sentir e pensar no estado da matéria, fazemos o caminho de retorno ao nosso próprio ventre, aquela célula criadora de tudo que se é e não de apenas como estamos. Como estamos é um produto palpável para um acesso maior e mais intimo para que mais tarde, quando compreendas qual pilar de luz vibra em ti, você retorne e se dissolva na mais bela criação que é você, aquele que de fato é você, longe de todo barulho que somos capazes de fazer.
O Tantra é uma ferramenta que auxilia a entrar em contato com seu eu animal, seu euprimordial, primitivo e em seguida com ativação da sua consciência divina a perceber que somos ambos no atual processo evolutivo num jogo de dualidade que visa o encontro do equilíbrio. O mesmo que pode te fazer perceber que seu estado de espirito é apenas um estado e não uma constância.
Ainda hoje é um grande desafio em plena atualidade e no jogo dual traçar a experiencia da particular unicidade para a universalidade, onde somos um e muitos, além de todos e voltarmos pro Um. E friso aqui que não há problema algum em estar de qualquer forma e sentir-se de qualquer forma longe do seu ser, experienciar formas de se estar com quem você é, é enriquecedor, mas também pode ser embrutecedor. Alinhar-se no Ser é um caminho de conforto e não conformidade com como você está. E ainda mais confortante quando se Está de qualquer forma e saber-se que não seja ela tal qual você verdadeiramente É.