Ame-se!
publicado por Deva Harischandra
É comum que a gente faça com que as coisas que não queremos que cresçam, ganhem uma importância muito maior do que têm, quando não conseguimos parar de pensar nelas, quando nos angustiam e nos ocupam as emoções e a tela mental por muito tempo. Sejam elas problemas, ou defeitos que acreditamos ter, julgamentos, críticas, atitudes que condenamos...
Onde está a nossa atenção está a nossa energia. E o que recebe atenção, cresce. Portanto, e se ao invés de darmos tanta atenção ao que nos desagrada e ao que não queremos pra nós, fizermos exatamente o contrário? Se mudarmos o olhar sobre determinadas situações e características de uma forma mais madura?
Podemos começar sobre o olhar que lançamos a nós mesmos, por exemplo. Geralmente conseguimos ser bastante duros, críticos e até cruéis ao olhar para quem somos. De onde vem essa necessidade que temos de perfeição? Por que a gente tem dificuldade em se aceitar como é? Em valorizar esse serzinho?
Temos tantas coisas que podem ser valorizadas, mas acabamos dando ênfase ao que consideramos negativo em grande parte das vezes.
Olhe pra você e perceba se você é:
• Respeitoso(a), tem consideração, apreço, cuidado, zelo, atenção e afeição pelas pessoas.• Inteligente, esperto(a), sagaz, criativo(a), inventivo(a), sensato(a), prudente.• Amigo(a), companheiro(a), parceiro(a), leal, cordial, verdadeiro(a), confiável, compreensivo(a).• Divertido(a) e bem humorado(a).• Vital, tem disposição, se cuida, tem determinação, vontade de viver.• Disponível para notar os próprios erros, não é arrogante, é capaz de se olhar.• Tem maturidade suficiente para lidar com seus altos e baixos emocionais, para lidar com a sua instabilidade.• É independente, não põe sua vida nas mãos de outras pessoas.• É efetuoso(a).• É responsável, tem habilidade de responder a uma situação e se relacionar com ela.• Tem empatia, é tolerante e humanitário(a).• Tem honestidade.• Generoso(a), dedicado(a).
Se não tem a grande maioria dessas características, e daí? São só exemplos aleatórios
pra você valorizar caso os tenha. Se não, certamente tem muitas outras coisas pra admirar. Só perceba-as, se veja.
Aceitação é sobre o ser inteiro. Ninguém é feito só do que se admira. Conhecer, reconhecer e aceitar nossas dificuldades, imperfeições e vulnerabilidades está dentro do pacote. Somente a partir do autoconhecimento podemos nos lapidar. Portanto, que a gente possa ficar feliz por conhecer cada parte nossa que não nos agrada, por cada descoberta de saber como se é, por perceber em nós as marcas da nossa história que ainda nos causam alguma dor, e ficam inclusive gravadas em nossa estrutura corporal. Que a gente possa ficar feliz por poder nos abrirmos para novas possibilidades de funcionar no mundo a partir da observação de nossos hábitos adquiridos, de nossas características culturais, que nos foram ensinadas, e por poder começar a agir por nós mesmos.
Que a gente possa focar no que de verdade é importante para cada um de nós. Colocar a nossa atenção e a nossa energia no próprio caminho, percebendo o que dá sentido às nossas vidas e nos permitir viver o hoje, as experiências que queremos e nos fazem vibrar o coração, e que sempre que nos vierem pensamentos duros e castradores sobre nós, que a gente se pergunte: “De onde vem essa voz? Mãe? Pai? Família? Sociedade? Escola? Religião?”
Perceba, analise, pense, reflita, e devolva se não for seu. Mas se achar que vale a pena fazer algo com esse pensamento, tente eliminar a repressão, a dureza e o julgamento que ele carrega, e o utilize com amorosidade.
Eu acredito que é uma grande verdade a ideia de que a gente só pode doar o que tem de sobra, o que transborda na gente. E pra doar amor, só tendo muito amor próprio.
Na página 19 do livro do Osho “Amor, liberdade e solitude”, está escrito:
“Ame a si mesmo
Não se condene. Você foi condenado demais e aceitou toda essa condenação. Agora, você fica se machucando. Ninguém se considera digno o suficiente, ninguém se considera uma bela criação de Deus, ninguém pensa que é necessário. Essas ideias são venenosas, mas você foi envenenado, envenenado com o leite de sua mãe, e esse tem sido todo o seu passado. A humanidade tem vivido sob uma escura nuvem de autocondenação. Se você se condena, como poderá se desenvolver, como poderá se tornar maduro? E se você se condena, como poderá venerar a existência? Se você não puder venerar e existência dentro de você, será incapaz de venerar a existência nos outros; será impossível.”
E na página 23 do mesmo livro, está escrito:
“Primeiro: Ame a si mesmo e observe, hoje, amanhã e sempre.
Crie uma energia amorosa à sua volta. Ame o seu corpo, ame a sua mente, ame todo o seu mecanismo, todo o seu organismo. Amar significa aceitar como é. Não tentar reprimir. Reprimimos somente quando odiamos algo, quando somos contra algo. Não reprima, porque se reprimir, como irá observar? E não conseguimos olhar nos olhos do inimigo; só conseguimos olhar nos olhos de nosso amado. Se você não se amar, não será capaz de olhar em seus próprios olhos, em sua própria face, em sua própria realidade.”
Lindo, verdadeiro e profundo né? Faz todo o sentido pra mim. Muuuuito amor pra nós!