NÃO
publicado por Deva Harischandra
Durante bastante tempo na vida, eu acreditei que deveria dizer sim em muitas ocasiões em que no meu íntimo queria dizer não. Acreditava que isso era uma questão de cordialidade e educação. Pensava que era o certo a se fazer.
Um favor aqui, uma saída ali, pedidos de empréstimos, ceder a vontades alheias...
Tinha muito receio de ferir as outras pessoas ao dizer o “não” que gostaria de dizer. Esquecendo-me completamente que ao não dizê-lo, era a mim mesma que estaria ferindo. Já fiz tantas coisas que não queria por isso, aceitei muito menos do que almejava, me machuquei em tantas ocasiões por ser permissiva e nada honesta com o meu sentir.
Já passou da hora de rompermos com essa visão cultural do desrespeito a nós mesmos para atender a necessidades de outros. Claro que não é preciso ser grosseiro, desrespeitoso ou arrogante, mas apenas ser verdadeiro consigo mesmo e com as outras pessoas.
Não se obrigue, se desgaste e perca a sua energia fazendo coisas que não fazem o menor sentido pra você. A gente se acostuma tanto a fazer isso ao longo da vida, que chega uma hora que até tem dificuldade de discernir quando quer ou não dizer “não”. Aí precisa voltar-se pra dentro, buscar o autoconhecimento, se compreender, para que se encontre nas próprias necessidades e vontades, no próprio querer.
É tão libertador conseguir dizer os ‘nãos” que se quer e seguir na vida segundo seus anseios. Todo mundo ganha quando deixamos de fazer o que agrada aos outros sem vontade, para fazer o que nos agrada de verdade. É uma sinceridade benéfica demais.
Vale a pena se descobrir, tirar os pesos desnecessários dos ombros e seguir a vida com pelo menos a leveza e a paz de espírito por ter se respeitado nesse ponto.
Questione-se. Seja quanto a convites, favores em que não vê relevância, empréstimos desnecessários, lugares e companhias que não te fazem sentir-se bem, estudos que detesta e nada te dizem, obrigações e papéis que não precisa cumprir, máscaras que não lhe cabem...
Eu quero isso? Faz sentido pra mim? Faz o meu coração vibrar? Me traz alegria, paz, harmonia, diversão, sorrisos, risadas? Me faz bem?
Seja honesto com você. E se a resposta for que “não”, exercite-o. Por mais que pareça difícil, é muito possível. Comece. Aos poucos se torna natural. E logo vai perceber que está se libertando não só de fazer o que não quer, mas também das emoções e somatizações que vem junto no pacote dos “nãos” que não foram ditos, mas engolidos a seco.
Solte o seu vishuddha e dê esse presente de leveza na alma a si mesmo(a).
Namastê!