Sexualidade e Normalidade
No século XIX, muitos livros sobre sexualidade falavam sobre o que era pecado e o que não era pecado. Colocando para as pessoas, casais, como eles deveriam se relacionar sexualmente. Caso fizessem de outra forma, seriam pecadores e mal vistos pela sociedade. Com isso, gerando uma série de travas com a sexualidade sendo individuais e como casal. A geração seguinte a dos tratados médicos, publicou além de uma leitura prática ampla, regras para definir o que era “normal” e o que era “anormal”. Basta chamar um gosto sexual de "anormal'' para que ele imediatamente provocasse um mal estar e ansiedade. Querer definir o que é “normal” implica impor certas regras ao sexo. De fato, existe uma regra. O sexo deve ser um elo completamente satisfatório entre duas pessoas que se amam, do qual ambos emergem despreocupados, gratificados e preparados para mais. Esta definição inclui a constatação de que existe uma grande diferença entre, as necessidades das pessoas e sua capacidade de satisfazê-las, e, em se satisfazer; estatisticamente essa diferença é maior do que em qualquer outro caso mensurável. Ora, já que as atividades sexuais significam cooperação, os amantes ajudam-se mutuamente, cuidam um do outro, admiram-se com entrega sem julgamento e sim, com desejo, desejo de mais de si e do outro.
O ato sexual nos mergulha numa ansiedade muito superior à que é provocada por qualquer outra diferença aos nossos gostos ou necessidades. Nossa cultura mal acaba de emergir de um periodo de pânico moral e nós só agora começamos a compreender que não há nada a
temer no sexo e sim, muito a desfrutar. Por isso, um grande número de pessoas, sob o ponto de vista das suas opiniões sexuais, lembram aquela geração mais nova que eram educadas na crença de que os doces tinham veneno, enquanto a gelatina era saudável (porque não tinha gosto). Essas pessoas precisam ser tranquilizadas.
As gerações anteriores foram traumatizadas pela censura das titias que baniam várias práticas sexuais adequadas, elas as consideravam estranhas, nefastas e repugnantes, quando o que acontecia era que elas eram simplesmente mal conhecidas. As titias, na verdade, tinham medo de perder o controle e não saber conduzir os mais novos que tinham
tanta energia e curiosidade, natural na infância. Para os mais velhos, era mais fácil amedrontar e traumatizar, infelizmente, não sabiam fazer diferente.
Há algumas dezenas de anos, o sexólogo Krafft-Ebing escreveu um manual em que descrevia como doenças todas as práticas sexuais que ele próprio não apreciava, incluindo no texto exemplos extraídos da conduta de indivíduos verdadeiramente neuróticos.
Assim a igreja conduzia em conjunto com o governo manipulador, castradores da sexualidade. Pessoas insatisfeitas sexualmente, pessoal que não desenvolvem a energia sexual são facilmente manipuladas.
Os grandes manipuladores sabiam da potência que a energia sexual tem, e o quanto ela conduz o indivíduo em sua autonomia e poder pessoal.
É hábito considerar anormal o que é incomum para o local, época e grupo. Considerar algo “anormal” é uma das formas da manipulação em massa: poucos os que se permitem sair da “caixinha”.