Sexualidade na gestação
A sexualidade deve ser entendida como processo natural do ser humano, fonte de prazer, de bem-estar físico e psicológico. É uma forma de expressão e comunicação do corpo, podendo ser expressa desde um toque corporal até manifestação de carinho. Desenvolvê-la depende não somente do indivíduo, mas de fatores diversos como conhecer e explorar seu corpo, vivenciar o sexo de forma ampla, não meramente o ato sexual propriamente dito, mas as formas de alcançar o prazer e a satisfação pessoal de cada indivíduo com sua própria sexualidade. Ela representa um aspecto central do ser humano do começo ao fim da vida. Deve ser vivida e expressa em pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relacionamentos (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2010).
É indispensável avaliar a função sexual do casal e distúrbios presentes; discutir sobre mudanças anatômicas e fisiológicas nesse período da gestação; orientar quais as posições que deixam a mulher mais confortável para a prática sexual conforme a idade gestacional; e as transformações do corpo; conversar sobre mudanças que ocorrem na pelve feminina como coloração, secreção, odor, dentre outras; esclarecer que quando não há contraindicações é permitida a atividade sexual; avaliar a presença de quadro depressivo; discutir sobre massagem perineal, visando diminuir o trauma nessa área no pós-parto; que todas manifestações de carinho ajudam a mulher a sentir confiança no parceiro e em si mesma (VETTORAZZI, 2012).
No primeiro trimestre a gestante pode ter seu apetite sexual diminuído por sentir desconforto durante o ato sexual. Já no segundo trimestre ocorre um aumento da libido, algumas relatam desejo pela masturbação, ter facilidade de sentir o orgasmo. O terceiro trimestre varia de mulher para mulher devido ao desconforto físico, o aumento do abdome, insegurança da gestante sentindo-se obesa, inchada, feia, envergonhada com seu corpo. Pode não se sentir atraente ou feminina, diminuindo com isto sua autoestima. Passam pelo conflito de estar em um momento culturalmente considerado divino, sentindo-se mãe e esquecendo o papel de mulher e esposa, e ao mesmo tempo, não gostar de si mesma (BRIQUET, 2011).
A penetração profunda do pênis deve ser cuidadosa a fim de evitar desconforto, um fato positivo é relatado pelas gestantes no segundo período gestacional, em sua maioria conseguem atingir o orgasmo facilmente. Com o estímulo dos seios, a penetração e o orgasmo provoca contrações uterinas, mas não há relato científico que prejudique o feto ou acelere o parto (VIEIRA et al., 2012).
O ato sexual nesse período provoca insegurança para algumas gestantes por medo do aborto ou de prejudicar o bebê, desconhecem que se a gravidez estiver evoluindo normalmente o sexo não é perigoso, ao contrário, o orgasmo mexe e acalma o bebê, e o feto está perfeitamente protegido pelo líquido amniótico e o útero fortemente selado. A mulher deve ser assistida em sua totalidade e perceber a necessidade de conhecer como ela tem exercido a sua sexualidade, desmistificando tabus que há séculos interferem no conhecimento da mulher sobre seu próprio corpo numa fase tão sublime de sua vida.