Transtorno hipoativo do desejo – Disfunção Sexual feminina
publicado por Deva Harischandra
É a falta de libido. Disfunção sexual em que a pessoa não tem desejo e interesse sexual. É mais comum em mulheres, e nesse texto é delas que vamos tratar.
É comum que o transtorno hipoativo do desejo tenha sua origem em crenças culturais repressoras de que sexo e sexualidade são coisas erradas, feias e de que a mulher que tem liberdade nesse sentido e atende seus desejos sexuais, não é “pra casar”, não é uma “mulher virtuosa”, entre muitas outras visões sociais construídas no inconsciente e que podem ter resultados destrutivos na qualidade de vida de muitas mulheres, já que a saúde sexual é parte tão importante dela e se relaciona a diversas outras áreas.
Expressões como as citadas a seguir fizeram parte de história de muitas de nós, ouvidas de forma repetida e de pessoas diversas em muitos espaços que frequentamos:
“Fecha as pernas.”
“Senta direito”.
“Menina direita não faz isso.”
“Mulher que se comporta desse jeito não é pra casar”.
“Homem não valoriza mulher que usa roupa curta.”
“Mulher virtuosa não transa antes do casamento.”
“Mulher casada tem obrigação de transar quando o marido quer. É um direito dele.”
“É da natureza da mulher ter menos desejo sexual que o homem.”
“Não pode perder a virgindade antes do casamento. É o que você tem de mais valioso.”
“Mulher que demonstra sentir prazer sexual é uma safada.”
“Mulher que vai pra bar, ganha fama de vagabunda.”
“Tem o tipo de mulher pra transar e o tipo de mulher pra casar.”
“Você é muito dada, muito oferecida, muito pra frente. Vai ficar mal falada.”
“Você tem que ser uma moça de família.”
“Que roupa curta! Vai tampar as suas vergonhas.”
Escutar frases como essas de pessoas que consideramos como referência, podem influenciar profundamente a nossa formação e podem ser determinantes em nosso sistema de crenças e podem nos gerar:
Crenças morais e religiosas muito rígidas.
Desconhecimento das maneiras que sentimos e podemos sentir prazer na vida.
Sentimentos de culpa e vergonha na vivência da sexualidade.
Dificuldades em compreender e aceitar a sexualidade de uma maneira saudável.
Transmissão de uma educação repressora para os filhos.
Traumas infantis relacionados à sexualidade.
Quando há muitas crenças negativas acerca do sexo e da sexualidade, é importante fazer um trabalho associado à psicoterapia, para ajudar a ressignificá-las e trazer a sacralidade desse tema para a mulher.
O trabalho corporal associado à terapia falada, pode ajudar a mudar esses modelos criados de certo e errado, que originaram o transtorno. Trabalhos envolvendo dança, movimento dos quadris, liberação de sons, exercícios de respiração, técnicas de meditação, exercícios de bioenergética, massagem sensitive e yoni massagem, podem ser ferramentas muito poderosas em todo o processo de desconstrução das crenças repressoras, no desbloqueio de couraças musculares e na sensibilização do sentir.
É importante destacar que a continuidade do trabalho faz toda a diferença para que se obtenha bons resultados em relação a todas essas questões, aliada ao comprometimento da interagente. É preciso entrega, confiança, autorresponsabilidade e sobretudo vontade de se cuidar e resolver o transtorno.