Orgasmos de 30 minutos? Com o tantra, é possível: veja depoimento de um casal
publicado por Alexandra Zanela e Sergio Canarim
Donna
Um dos cursos que ensina o sexo tântrico é o Delerium, disponível em diferentes capitais em 2017. O valor total é de R$ 1.980 para o casal, incluindo hospedagem e alimentação para duas pessoas. Em Porto Alegre, haverá um curso de massagem tântrica para mulheres em janeiro. Veja mais em centrometamorfose.com.br. Por Alexandra Zanela e Sergio Canarim
– Não é sobre sexo – dizia o empresário Sergio Kroeff Canarim, 36 anos, durante a sessão de fotos desta página.
– Não é só sobre sexo, na real – complementou a jornalista Alexandra Zanela, 35 anos, na sequência.
O casal comentava, sem pudores na frente do fotógrafo e da repórter, o momento que mudou a vida de ambos. Há cinco anos juntos, viviam da mesma forma que outros pares em um relacionamento estável. O sexo não era insatisfatório, pelo contrário. E Alexandra, como muitas mulheres, tinha aqueles tabus do corpo: isso aqui não gosto, nem disso. Mas a partir da descoberta de técnicas do tantra e ensinamentos do taoísmo, ela e o companheiro mudaram sua vida sexual e a relação – e não escondem nenhum detalhe da experiência. O tantra é uma filosofia oriental que propõe, entre outros pilares, criar uma conexão entre duas pessoas por meio da troca de energia sexual e expansão da consciência. A experiência é descrita como transcendental e pode durar muitas horas, com a promessa de proporcionar multiorgasmos. Como o assunto está sempre cercado de mistério, convidamos Alexandra e Sergio a relatar a experiência para a Revista Donna. Os depoimentos a seguir foram escritos um ano após o primeiro curso frequentado por eles, descrito como “treinamento para reconectar casais e aprofundar os prazeres da sexualidade”. Batizado Delerium, o workshop em Itapeva (Minas Gerais) durou três dias e preconiza os fundamentos do tantra, além de ser “livre da influência de religiões, crenças ou rituais”.
– Entendi que posso ter o prazer que meu corpo merece, algo que por uma vida neguei, deixando a consciência me censurar – relata Alexandra.
O PONTO DE VISTA DELA
"Quando Sergio sugeriu fazermos um curso de massagem tântrica, concordei sem prestar muita atenção. Dois dias depois, ele estava com passagens compradas, fazendo as malas para um fim de semana com outros 29 casais, em um lugar entre as montanhas, em Itapeva, Minas Gerais. Saí de Porto Alegre com o coração batendo forte. Afinal, o que eu faria com a vergonha do corpo? Blindei-me de regras: não vou tirar a roupa, se ficar desconfortável caio fora, entre outras que perderam a validade 15 minutos após o início do curso Delerium.
Ficamos em um dos cantos do salão principal do Metamorfose. Sentamos no chão, e os facilitadores do curso explicaram a metodologia. Papo curto, início da prática. Arrumamos o colchonete e um lençol e recebemos uma cesta com luvas, álcool, óleo de massagem e um bullet (um vibrador de clitóris). Algo aconteceu comigo, pois assim que sentamos em forma de borboleta, olho no olho, comecei a tirar a roupa naturalmente. Em 15 minutos estava chorando (e nua). Todos agiam naturalmente. Ninguém olhava para o lado, só concentrados no parceiro. Desde então, tudo mudou. Vergonhas, medos e angústias deram o fora e, no lugar delas, o prazer.
Foi um soco na cara perceber que por anos encerrei sempre o sexo após um único orgasmo, que eu entendia como uma ida ao céu. E é, mas é uma ida rápida ao céu. Com o tantra, entendi que posso passear no céu, conhecer suas ruas, quem sabe dormir uma noite ali. Ter multiorgasmos é transformador para uma mulher, pelo menos foi para mim. É força, é autoestima, é não repressor.
Depois do olho no olho, hora da primeira massagem, a sensitive. Simples: mão em forma de garra e, sutilmente, passar os dedos pelo corpo do outro. Meia hora depois, sinto algo bom, leve. Ao lado, uma mulher já goza, outra bufa de prazer. Fico confusa. Como pode? Sempre fui livre no sexo, então o que elas têm que eu não tenho? Vamos ao giro tântrico. O homem senta no chão, a mulher fica por cima e solta o corpo. O homem conduz o giro. Não senti nada lá, mas praticando em casa tive uma espécie de orgasmo misturado com liberdade, não sei explicar. Fiquei surpresa ao me dar conta de que qualquer mulher pode gozar por 30, 40, 50 minutos. Ou ir além. São picos de orgasmo que podem durar quanto você aguentar. Chorei de tanto gozar. Chorei vendo meu marido gozar. Isso me levou a descobrir, no canto mais escuro do meu ser, uma mulher afogada em sexo ruim de uma vida toda. Entendi que mereço me dar prazer, não tem nada de feio, sujo ou secreto nisso. Deixei pra trás a vergonha do corpo, a culpa e o medo por sentir prazer."
O PONTO DE VISTA DELE
Tantra muda a vida, mas só de quem pratica. Não basta fazer o curso se você não praticar. O meu relato, apesar de eu ser o parceiro da Alexandra nesta aventura, é um pouco diferente. Não atingi o paraíso na primeira massagem. Foi só fora daquele local que tive experiências transcendentais. Medito diariamente há um ano e meio. Acredito que por isso tenha atingido platôs mais avançados. Você vai conseguir isso também? Não faço a menor ideia, cada experiência é única. As suas experiências serão, certamente, influenciadas por sua visão de mundo. Mas é fato que todo ser humano pode usufruir de orgasmos múltiplos. Alexandra diz que pareço calmo. Mas duvido que alguém que nunca teve atividades sexuais na frente de uma multidão fique calmo numa hora dessas. De qualquer modo, as preocupações do homem são outras: será que realmente existe orgasmo sem ejaculação ou isso é promessa de picareta? Será que vou conseguir uma ereção na frente de toda essa gente? A filosofia do tantra prega que as mulheres têm a preferência, portanto, elas recebem sempre primeiro. Depois de ver toda aquela gritaria feminina, outro pensamento veio à tona: não é possível que os homens tenham uma experiência assim, isso é injusto. Quando fiz a massagem na Alexandra, tive a alegria de ver ela gozar como nunca antes tinha visto. Depois, finalmente chegou a minha vez, mas isso é outra história.
Veja a matéria completa na página original (Donna)