Como cultivar e manter um relacionamento saudável?
O amor repousa sobre dois pilares: rendição e autonomia. Nossa necessidade de união existe ao lado de nossa necessidade de separação. Um não existe sem o outro. Quando existe muita fusão, em algum momento não há mais nada a transcender, nenhum outro mundo interno para entrar. Quando dois se tornam um, a conexão não pode mais acontecer porque não há ninguém com quem se conectar. Assim, a separação, a individualidade é uma condição prévia para a conexão: este é o paradoxo essencial da intimidade e do sexo.
É verdade também que com muita distância, não pode haver conexão.
Muitas pessoas hoje em dia, esperam tanto da relãçao, mas investem tão pouco em comparação com outras áreas da vida. Voltam em casa a noite, tiram suas roupas bonitas, se sentam no sofá e relaxam. Sentem que já fizeram todos os esforços para estar no mundo.
Mas então, como podem desejar mais intimidade, mais intensidade, e emoção, mais sexo bom?
Alcançar isso tudo exige um tipo diferente de relacionamento, um tipo diferente de investimento e de presença.
Infelizmente, para satisfazer nossa necessidade de autonomia, podemos chegar a um estágio em que somos tão bons em atender às nossas próprias necessidades; tão sólidos em valorizar e adorar a nós mesmos que não estamos mais dispostos a ser pro-ativos ou a ceder em relação ao outro.
O antigo problema de co-dependência se tornou independência extrema, se tornou mais um condicionamento, a estrada principal.
A monogamia se tornou em poli-amor, mais um condicionamento, a estrada principal.
Qual é a sua verdade?
Ser independente antes que tudo significa pensar com a própria cabeça e o próprio coração, cuidando para perceber aquilo que acreditamos ser nosso, mas nada mais é que um condicionamento externo.
Não estou compartilhando isso com você para convence-lo de nada mas para libertá-lo de suas próprias inverdades, que resultam em "deveres", e acabam minando un relacionamento saudável.
Por muito tempo tentei reprimir minhas necessidades na relação e por muito tempo não soube escutar com coração as necessidades do meu parceiro.
Agora ouço a verdade que meu poder uterino e meu coração estão me dizendo e procuro ficar cada vez mais aberta à escuta empatica de mim e do outro.
A união interna é necessária e bonita, assim como um nível de independência que todos devemos cultivar para ser inteiros diante do outro.
Dessa forma não cedemos apenas à reatividade do ego e exigimos de um espaço ferido que pretende preencher o que está faltando dentro de nós. Não ficamos tão envolvidos na "história de mim" e assumimos auto-responsabilidade.
Porque as vezes inconscientemente queremos a razão a todo custo, queremos nos sentir como a pessoa que "està fazendo mais doque o outro", vivemos das histórias que contamos para nos mesmos e é difícil desistir dessas histórias, que basicamente nos dão uma identidade inteira, uma maneira de nos entendermos.
Parte do que faz mudar a dinâmica da relação envolve desistir de sua história.
Uma história se torna o padrão, e o padrão se torna rigidez.
As pessoas têm uma história em torno do apego, da confiança, do respeito, do gênero e do corpo.
As pessoas podem ter experimentado nas próprias historias muita atenção voltada à elas, ou pouca atenção.
Cada pessoa vem com seu "dote" no mundo dos relacionamentos, por isso têm expectativas.
"Com meu amado, eu nunca mais vou me sentir assim, eu nunca vou me sentir sozinho."
" Agora nao preciso mais me preocupar em ser abandonado".
"Com minha amada eu nunca vou ser sufocado, vou ser amado do jeito que eu sou".
Os relacionamentos ficam complicados quando temos expectativas de como as pessoas "devem" se comportar e ficamos bastante frustrados quando nossas expectativas não são cumpridas.
Se no seu relacionamento você critica seu amado toda vez que ele destrói sua imagem ideal de como o amor deve parecer, ou se fecha em você mesmo, em vez de compartilhar o que sente, você está perdendo uma oportunidade poderosa de crescimento.
O impedimento a essa abertura acontece principalmente porque muitas vezes, quando mostramos nossa verdade e vulnerabilidade, somos ofendidos, rejeitados, punidos ou manipulados.
E' uma situação muito comum e bem conhecida, por exemplo, quando um homem que sempre escondeu o fato de se surpreender ao pensar ou olhar para outras mulheres, agora sente que chegou a hora de compartilhar com a parceira esse condicionamento. Ele não quer ser infiel à mulher com quem se relaciona, mas está cansado de esconder coisas, ele quer se abrir. Em vez de apreciar sua honestidade e esse desejo de compartilhar intimamente sua verdade, a mulher explode, chora e ameaça terminar.
É por isso que tendemos a viver uma vida protegida por uma armadura.
Uma mulher tenta falar da sua dificuldade em atingir orgasmo no ato sexual, quer se abrir para encontrar una solução juntos e não continuar fingindo com seu amado, mas o homem se sente criticado,sente que ela está jogando toda a culpa nele e começa a pensar que ela está querendo compara-lo a outros homens melhores do que ele; sua masculinidade é ferida e não quer mais tocar no assunto.
Talvez seja a hora de abraçarmos o gosto do amor em toda a sua humanidade.
Talvez seja a hora de acolher mais, permitindo que nossas necessidades sejam vistas, sentidas e atendidas não apenas por nós mesmos, mas também pelos outros.
Sim, pode ser realmente assustador. Sim, devemos enfrentar nosso medo de rejeição e medo de perda. Sim, significa confiar e deixar de lado as barreiras prejudiciais que somos ensinados a defender. Sim, devemos deixar de lado nosso orgulho e nossos sentimentos de apego.
Mas, em nossa escolha de ser vulneráveis, nos rendemos a um nível de presença e amor em nós mesmos que não pode ser sentido se permanecermos fechados.
Trata-se de respirar, sentir e ser verdadeiro com aquilo que està sentindo a cada momento, com a dor, a duvida ou o dilema que pode surgir no coração e compartilhar e mesmo assim se sentir seguro e mantido em amor.
Não se trata de querer que alguém preencha as peças que faltam. Quando nos tornamos responsáveis por nossas próprias emoções e retomamos nossas projeções, podemos compartilhar honestamente nossas necessidades com amor; sem apontar o dedo criticando um ao outro.
Os relacionamentos bonitos começam com a auto-reflexão incorporada. Olhando para nós mesmos; encontrando, seguindo e confiando em nossas necessidades, assumindo a responsabilidade por nosso estado interno de uma maneira muito real.
Nossos egos são frágeis e não gostamos de mudar. Mesmo o feedback mais útil, com as melhores intenções, pode trazer à tona o pior lado de nós, à medida que surge vergonha o culpa sobre o que está sendo mostrado de nós.
Eu sei por mim, quando alguém que eu amo fica infeliz comigo, pode ser difícil lidar com os sentimentos de inadequação que surgem.
Mas, quando podemos abrir espaço para a verdade do outro e ouvir sem julgamento, podemos acolher com amor; em vez de desviar através de ataque, defesa, análise ou suposição.
Um relacionamento bonito, maduro, harmonioso, inspirador e honesto só é possível quando você pode compartilhar o que sente e ouvir com um coração amoroso e confiante.
É incrível como quando eu me rendo, ou acolho o outro em sua rendição, os véus caem e não precisa mais levar nada pessoalmente.
É aí que a diversão realmente começa e você pode começar a criar uma relação verdadeira, em vez de gastar energia para ter razão, (o que apenas cria drama) no lugar de ser gentil e aberto.
Como cultivamos então e mantemos um relacionamento saudável?
Com um desejo sincero de apoiar a felicidade e os desafios um do outro, com tempo, paciência e PRESENÇA e a vontade de não se defender diante do amor.
Com ternura, renunciando a nossa mente quando tenta moldar, mudar ou consertar outra pessoa.
Com ACEITAÇÃO, o abraço mais profundo que se pode dar a outra pessoa.
Com leveza, uma capacidade de sentir, de se comunicar, de ser brincalhão, de ser real.
Com PROFUNDIDADE, penetrando e recebendo intensamente a partir do coração, dentro e fora da cama.
É assim cultivamos nossa total devoção ao acolher tudo na experiência humana - permitindo que o AMOR e a LIBERDADE dancem e fluam.
Se você deseja mudar de um relacionamento co-dependente para um de interdependência, consulte nossos próximos cursos, aonde você aprenderá a navegar no reino do relacionamento, para que ele se torne o seu maior professor - não através da separação ou conflito, mas através da auto-responsabilidade, amor próprio e honra ao divino dentro de si e de seu amado.
Esperamos ver você lá.
Com amor,
Veronica (Sonala)