AS FLORES DE PLASTICO NÃO MORREM...
publicado por Sasha - TANTRA TERRA
Não cheiram...
Não florescem...
Não interagem com o ambiente
Não tem ciclos...
Não vivem de verdade!
Num mundo de perfeição asséptica, organizada através do patriarcado e ungido pela pornografia plastificada através de corpos moldados de forma escultural, quase irreal, de sons estridentes de acasalamento e com a ausência de pêlos, a plasticidade do corpo de cera se faz quase que idolatrado e presente nos desejos mais íntimos. Afinal, o projeto verão já se iniciou, mesmo que ainda com determinações de distanciamento social, a alegoria da aceitação daquilo que é apenas um reflexo doentio da negação da naturalidade de um corpo, assombra as mentes de muita gente.
Esse corpo esconde os ciclos, as imperfeições, as idas e vindas lunares e solares de um corpo que faz parte dos ciclos naturais, mesmo este assumindo papéis sociais, familiares, políticos, nada emerge das entranhas de nossas vísceras e nada submerge do interior dessa grande caverna repleta de segredos que vivem no escuro do seu interior.
A energia sexual é telúrica, densa, não no sentido de ser pesada, mas física, ela é forma condensada, palpável, visível, e através dela que toda energia se manifesta, ou seja, a força física tem como produto a energia vital/sexual, desde o dia que você nasce e se habita como ser nesse estado de agora. Quando não entendemos esse fenômeno, tendemos a ter respostas rasas quando o assunto é trabalhar com o Tantra, por exemplo, ou qualquer ferramenta que atue nestas forças energéticas que são validadas como produto da forma, ou seja, da fisicalidade.
A tendenciosidade para especular um cenário fast food de milagres energéticos e curas drive thru se desenha a partir do momento em que você observa um corpo plastificado e tende a acreditar na desvalidação no seu. Assiste um filme com posições e piruetas dignas de Cirque du Soleil e acha que você não é suficiente no que tange o desenvolvimento da naturalidade sua sexualidade, tornando todos seus sentidos inexplorados.
Quando não nos conectamos com nossa complexidade ou mesmo simplicidade (porque não?), tendemos a querer respostas prontas, oráculos não falhos, rituais mágicos, orgasmos múltiplos, espiritualidade de feira de domingo. Acreditamos em mudança pela crença e não por conhecimento. E aí mora o perigo de uma sociedade saciada por um de nossos sentidos mais mutilados todos os dias, a visão! Ou na verdade a miragem de um oásis de não ser ou não ter o que vira padrão.
No caso do corpo asséptico, disforme e objetificado, o grau de insatisfação passa a ganhar muito tempo de nossos dias, muito mais até do que gostaríamos de admitir ou mesmo perceber, afinal, deixamos de observar e absorver nossos próprios pensamentos para olhar para fora o tempo todo. Cenas hiper excitantes e irreais dentro de um contexto que é mais industrial e performático que prático e real. Um mercado onde o custo não gera valor.
O Tantra a partir da visão de Reich, fala sobre energia orgone, energia orgânica, ela passa pelo corpo física e se estende pela sua energia sexual/vital, e tudo que é orgânico, possui ciclos, se forma e se deforma para gerar algo novo, tem cheiros, floresce, interage com o ambiente, tem ciclos e vive de verdade.
Assuma sua verdade interior a partir do momento que entrar em contato com tudo que é palpável pra você, inclusive suas formas físicas, e suas habilidades de interação. A partir daí, tudo aquilo que de fato pode ser mudado para seu maior beneficio e bem estar, faça! Não apenas por padrão ou plasticidade, mas por amor! E isso inclui, inclusive, redundantemente suas sombras e escuridões, e nada tem de errado ou feio nisso. Por isso costumo dizer que o Tantra promove milagres, mas ele em si não é o milagre, é a ferramenta que toma forma a partir da utilidade que você dá ao seu uso.