Mais do que prazer: terapia tântrica pode ajudar a tratar trauma emocional
publicado por Helena Bertho
UOL
com Carol Teixeira & Dhyan Ashna (Simone Carneiro) no Casa Lakshimi
Quando se fala em tantra, a primeira ideia que vem à mente é de uma sessão de massagem repleta de orgasmos ou de uma forma diferente e mais prazerosa de transar. O que muita gente não sabe é que o tantra também pode ser uma terapia para lidar com questões física, como disfunções sexuais, e psicológicas, como trabalhar a autoestima.
A assessora de gestão Lilian Al´osta, 30, procurou a terapia tântrica exatamente para isso. Ela sentiu, sim, muito prazer, mas foi além disso: "Tive anorexia e bulimia na adolescência e, mesmo tendo tratado, sempre tive uma relação ruim com meu corpo. Depois da primeira sessão de terapia tântrica, isso já mudou. Sinto que hoje me vejo mais próxima do que sou na realidade."
A terapeuta tântrica Carol Teixeira afirma que a terapia tântrica não é indicada apenas para casos mais óbvios, como a dificuldade de ter orgasmo, mas também para trazer novo significado para a relação com o corpo, com a sexualidade, para trabalhar a autoestima e para potencializar a capacidade de ter prazer. "A maneira como você usa a energia sexual afeta todas as áreas da vida."
Como funciona a terapia tântrica
Segundo Carol e a também terapeuta tântrica Dhyan Ashna, essa terapia usa, além da massagem tântrica, a meditação e a respiração para "redirecionar a energia sexual" da pessoa.
Carol explica o que é essa energia: "A energia sexual é a mais poderosa que temos e a mais subestimada. Justamente porque as pessoas, em geral, ignoram o alcance que ela tem, considerando-a algo menor, que deve usado apenas para o sexo."
Durante a terapia, ela diz que conduz essa energia pelos chacras (os pontos de energia do organismo, segundo a filosofia iogue). Com isso, a pessoa desperta regiões do corpo "adormecidas" para nova sensações. Além do impacto físico, as terapeutas dizem que as sessões fazem com que o indivíduo entre em contato com emoções adormecidas e até traumas esquecidos.
É um processo terapêutico baseado muito mais no corpo e no toque do que na fala. Mesmo assim, as terapeutas conversam com a pessoa antes da sessão, para entender o que buscam e assim direcionar a massagem.
Envolve massagem nos genitais?
Sim, a terapia tântrica costuma envolver massagem nos órgãos genitais, mas, se a pessoa não estiver confortável ou não quiser, pode ser feita sem. Vale saber que o tantra explora o corpo todo, dos pés à cabeça.
Às vezes, após algumas sessões iniciais com massagem pelo corpo, a pessoa pode ficar mais confortável e estar preparada para ter as regiões íntimas tocadas. "Se tem uma pessoa que tem vergonha ou bloqueio é para ela que eu mais indico o tantra", defende Carol.
Dhyan Ashna explica que a massagem não é uma masturbação. "Fazemos movimentos contrários aos da masturbação, para trazer uma nova percepção sensorial", diz. Para homens, são movimentos mais leves e lentos, com direções e sentidos diferentes dos usados na masturbação. Já nas mulheres, o foco é em trazer a estrutura do clitóris para fora, "para que ela tenha uma percepção orgástica muito mais intensa", explica a terapeuta.
Rola sexo?
Não. "Às vezes, as pessoas chegam achando que é um programa", conta Dhyan, que reforça que a terapia tântrica não é um ato sexual, apesar de trabalhar a energia sexual. Por isso, o terapeuta sempre faz as sessões vestido, enquanto a pessoa que recebe a massagem fica sem roupa.
Orgasmos, choro e mais
Durante a massagem tântrica é comum que as pessoas tenham orgasmos intensos e longos, mas isso não é a regra. "Tem gente que chora muito, que tem ataque de riso, gente que lembra de traumas de infância, de abusos. Cada um reage de um jeito", fala Carol Teixeira.
Por isso, ao final da sessão, cada pessoa pode sair se sentindo de uma forma diferente. Enquanto alguns ficam relaxados, outros podem sair extremamente mexidos. Dhyan explica que "é algo muito íntimo, que a sociedade ensina de uma forma deturpada. Por isso varia como cada pessoa fica e também como cada um lida com o prazer intenso", diz ela.
Algumas pessoas, inclusive, podem estar tão travadas em relação à sexualidade que nem chegam a sentir prazer nas primeiras sessões, precisando de um período inicial de reconexão com o próprio corpo.
Pode substituir a terapia psicológica?
Segundo Carol Teixeira, como a terapia tântrica trabalha as emoções e sensações por meio do corpo, ela funciona muito bem aliada à análise ou à psicoterapia. "Tem muitas psicólogas que indicam meu trabalho para suas pacientes como algo complementar à terapia convencional. Tem certas questões que só acessamos quando o racional sai de cena. Às vezes, precisamos ouvir só o corpo", diz.
Quanto tempo de terapia é necessário?
Isso também varia. Carol afirma que uma única sessão pode ter um grande efeito, mas recomenda ao menos três. Já Dhyan sugere, pelo menos, seis.
A duração é entre uma hora e meia e duas horas, e os valores podem variar entre R$ 250 e R$ 500, por sessão.
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