EU VEJO VOCÊ... E você me vê?
publicado por Sasha - TANTRA TERRA
Algo muito mágico, quase onírico de quem se abre ao caminho dos ensinamentos e praticas do Tantra é a percepção apurada, de si, do outro e de tudo que possa te cercar. É uma abertura tão incrível quanto divina, perceber o que já estava a sua volta, bem diante dos nossos narizes.
“Eu vejo você.”, essa frase é a máxima de um filme bastante famoso no ano de 2009, Avatar, cujo o nome traz o significado da manifestação corporal de um ser super poderoso, pela religião hindu. Ele é um ser supremo, imortal e grandioso que está além de seu estado de fisicalidade, mas que se manifesta através dele. Ele é o todo que se pode ser, está além da sua fronteira carnal, tudo habita ali e está visível para além do que os olhos podem tocar.
O caminho do Tantra como iniciação parte de uma percepção bem diferente dos demais caminhos sem anular qualquer que seja sua experiencia, sua essência e seu entorno. Tudo aquilo que podes ser, já o és, já o tens e já está em seu caminho. O próprio tempo e as ferramentas que te chamam ao trabalho fazem a catarse para que te tornes aquilo que já é você.
Mas nem sempre é um caminho confortável. Exige conforto e confronto, encontro e desencontro, encanto e desencanto e muito canto. Canto mesmo, de ritmo e voz, para que sua verdade seja expressada em sua fala e para além dela, que sua atitude e sua forma de viver em sincronia e harmonia sejam um caminho só.
Ele apesar de não te negar nada do que você é, do que quer, tem ou quer ter, ele vai fazer você pesar na balança da sua vida cada lembrança, cada apego, cada amor, cada desgosto, cada vício, cada pertencer, cada tempo “ganho” ou “perdido” como um grande professor, nunca carrasco. Essa posição geralmente é nossa conosco, quando descortinamos cada vez mais o próprio trajeto no chacoalhar da carruagem enquanto vamos seguindo.
Se ver e ver alguém de verdade é algo que está para além dos olhos físicos, mas ao alcance de muitos olhos que o corpo possui e pode desenvolver. O tato, toda extensão da pele, os ouvidos, as emoções, os cheiros, o paladar, os insights, todos são olhos. Quando rompemos um padrão físico, como o olhar com os olhos, deixamos de ver a superficialidade que a energia condensada, a matéria, pode oferecer, e mergulhamos num universo profundo, quase abissal, que fica entre o que pensamos e o que vemos com olhos.
Quando recebemos e deixamos a vida fazer seu papel enquanto fazemos nosso próprio trabalho, saímos destas colunas que sustentam um pequeno universo e adentramos ao um universo muito maior, para abaixo da terra, para além do visual, do julgamento, das águas rasas.
Para o Tantra, o maior dos sentidos é o tato, e o órgão de prazer e receptividade de todo trabalho é a pele. Através de uma “doutrina” reaprendemos a ver no fundo o que tudo pode ser, para além de como se está em forma ou espaço/tempo, sem anular o próprio trajeto.
Para o Tantra a separação entre espirito e matéria é inexistente, afinal, não podemos ser um sem o outro. Você nem sempre é como está, você não é sua superfície, você não é seu personagem em matéria. Você está para além, numa junção de corpos tão sutil e tão imensa como um universo que opera para que tudo se desenvolva e se ampare em seu próprio organismo, seja ele seu próprio corpo ou todo universo.
Para ver alguém aos olhos do Tantra, feche os olhos, e sinta, sinta primeiro você, saiba o que você tem e o que você é, depois sinto o outro com toda a capacidade de você tornar-se ele, senti-lo, aprende-lo, desenvolve-lo, acolhe-lo. Para o Tantra a unidade é a escala máximo, sendo capaz de fazer você sentir na pele tudo aquilo que tem dentro de você, até que você faça o caminho de volta para casa e dissolva-se em si, a ponto de tornar-se tudo aquilo que lhe habita, dentro e fora.