Experiência tântrica
Um depoimento profundo
publicado por Sagari Geovana
Com certa relutância, aceitei o convite para receber uma massagem nas “partes mimosas da natureza”, como diz Sonia Hirsch. Era presente do Jean, meu parceiro há quase vinte anos, e uma oportunidade de conhecer uma técnica ousada de desbloqueio energético: a massagem tântrica.
Por meio de estímulos que despertam, circulam, expandem a energia vital, o Método Deva Nishok “revela o potencial sensorial e orgástico latentes no corpo humano.” Por quase uma década escrevi para a seção sexo de diversas revistas e nunca me furtei a abordar qualquer assunto ligado ao tema – agora não poderia ceder ao tabu! Bom, na verdade, poderia, sim... Escrever é uma coisa, ter a yoni tocada por uma terapeuta desconhecida é outro departamento.
A tensão, no entanto, se evaporou ao começar a conversa pontuada pelo sorriso aberto e franco de Sagari Geovana, uma especialista em massagem tântrica. “Na sessão, não seremos duas mulheres juntas e, sim, duas almas”, explicou. Esse enfoque mais, digamos, espiritual, foi a chave para entender o que eu estava fazendo ali! “Meu interesse maior é conhecer, nem que seja um pouquinho, do que os mestres chamam de “ascensão da Kundalini”. Na época de repórter na ed. Abril, recebi essa pauta e minha fonte principal foi uma instrutora máster de Kundalini Yoga, que parecia viver em estado meditativo, tal sua leveza; mas não mostrava se ater mais aos chacras básicos... Pois bem, vi a oportunidade de trabalhar os pontos energéticos do chão pélvico e do umbigo. “Sei teoricamente da existência desses chacras, mas nunca senti efetivamente suas cores e movimentos... Tem gente que enxerga até a aura dos outros; eu não vejo nada”, confessei, decidida a apresentar meu propósito com a consciência de dificilmente atingi-lo. Sagari Geovana sorriu, fez mais algumas perguntas e indicou onde eu deveria tomar banho. “Volto só de toalha?” Ela assentiu e foi colocar sua malha preta.
Depois da chuveirada de água quente, deitei no colchão sobre o chão. Ambiente aquecido, quase escuro, música gostosa, perfume de óleos; e eu de olhos cerrados, achando certa graça na situação. Por uma hora senti o percorrer dos dedos da terapeuta em toda minha pele, provocando arrepios e prazeres. Ela repetia “respire profundamente”. Obedeci e, levada pelo ritmo constante da inspiração-expiração, fui entrando em estado meditativo. Ao me dar conta desse relaxamento, foquei no “terceiro olho” e mergulhei intensamente em outro plano de existência: eu estava deitada, nua, em um ritual de iniciação, sendo cuidada-observada por um círculo de mulheres. Senti a força e o amor desse entorno feminino e tive vontade de dançar, rir, chorar, agradecer por essa benção! Em algum momento, meu corpo me chamou, observei meu clitóris sendo manipulado, comecei a prestar atenção nos movimentos, mas logo voltei para à cena da roda de mulheres e ao prazer transcendental. Quando o toque dos dedos foi substituído por um vibrador, a energia percorreu intensamente todo meu corpo, senti as lágrimas brotando enquanto ria. Ao final desse momento de pura entrega ao mistério, ainda respirando ritmicamente, toquei a mão da terapeuta, dizendo “está bom, já deu”. Ela respondeu que iria só mais um pouquinho... E tive outro orgasmo tão inesperado que acertei com o joelho o rosto da bela Geovana. Rimos juntas e finalizamos o encontro com minutos de relaxamento. Fim da música, abri os olhos, abracei a moça, agradecida à ela, às mulheres que me levaram ao ápice energético e a todos os homens que me amaram – em especial e, sobretudo, ao meu parceiro. Mais tarde, quando vi Jean, brinquei: “encontrei Jesus!”. Dias após a sessão ainda me sinto abençoada por uma intensa onda de amor.
Partilho a experiência com a plena certeza de que cada sessão, cada pessoa é única, e que o encontro das almas pode ser totalmente diferente; mas nesse lugar, com essa terapeuta, é certo que será pautado pela busca de conhecimento dos corpos físico e energético.
– Raquel Ribeiro, jornalista, 50 anos
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