Minha experiência de 30 dias com a Meditação Dinâmica
publicado por Deva Harischandra
A Meditação Dinâmica é uma técnica criada pelo Osho para que a gente pudesse começar a aprender a meditar. Ela tem 1h de duração e 5 estágios. Os três primeiros estágios têm 10 minutos de duração e os dois últimos, 15 minutos. É recomendado fazer pela manhã, ao acordar. A técnica tem uma música específica para cada estágio e silêncio no terceiro estágio. Em todos os estágios, ficamos de olhos fechados. Pra quem ainda não conhece, parece coisa de maluco, muito maluco mesmo. E é. E vou lhe dizer que dá bastante trabalho, investe-se muito tempo, dinheiro e energia para ser maluco, deixando pra trás o modelo social existente de sermos padronizados, é libertador. Se é a sua vibe, se joga!
O primeiro estágio é uma respiração caótica com ênfase na expiração. Com as pernas paralelas, os joelhos flexionados, os braços para cima com o cotovelo dobrado na altura do peito, você inicia uma respiração muito forte com ênfase na expiração, de forma bem caótica mesmo, nada ritmado, nada certinho, alternando de forma natural expirações longas, médias e curtas, sem ordem nenhuma e de forma rápida.
O segundo estágio é catártico. Você se permite a loucura, deixa o seu louco sair sem nenhuma repressão. Vale gritar, emitir sons diversos, bater em uma almofada, torcer e morder uma toalha, qualquer outra forma de se expressar e de descarregar a sua raiva de maneira saudável. Fazer caretas, imitar bichos, mover-se descoordenadamente e o que mais a sua criatividade e vontade puderem te levar a fazer.
O terceiro estágio é de aterramento. Com as pernas paralelas, os joelhos flexionados e os braços para cima, cotovelos na altura dos ombros, você pula com os pés plantados no chão. E toda vez que os pés tocam o solo, você emite o som de “Hoo”. Esse Hoo vem de dentro, o som da barriga. Ele significa “Eu sou a criação”.
O quarto estágio é de quietude e silêncio, como se você fosse uma estátua. Apenas vivendo o momento presente. A pessoa para ao som de “STOP”, dito pelo Osho e fica exatamente na posição que estava fazendo o movimento do segundo estágio ao ouví-lo.
O quinto estágio é uma dança livre de celebração da vida. Começa com uma flauta bem suave. É uma música linda e vibrante. É pra deixar o som te levar, ser a dança somente, não ficar racionalizando passinhos já existentes. Sinta a música e dance.
Eu já conhecia essa técnica e tinha feito algumas vezes em encontros de imersão. Mas só participando do curso de Técnicas de Meditação Osho, me permiti viver essa experiência de forma tão intensa. Que curso incrível, transformador demais pra quem está disposto.
No primeiro dia me joguei, fiz com toda a vontade, ainda com muitos ajustes a serem corrigidos ao longo de todo o processo pelos coordenadores do curso. A mente não parava, o cansaço era imenso, o corpo doía um monte. Começava os estágios com muita energia, mas não conseguia mantê-la alta até o final dos mesmos.
A mente ficava: “Pelo amor de Deus, acaba logo!”, “Não aguento mais!”, “Ai que dor!”, “Eu preciso parar!”...
Pensava em mil coisas diferentes, numa dificuldade enorme de apenas viver o momento presente.
Nos dias seguintes, o corpo estava exausto, eu estava além da Dinâmica, fazendo em média 3 outras meditações ativas por dia, que também exigem bastante energia e esforço físico. Frequento aulas de muay thai já faz 6 anos e não imaginava que as meditações fossem exigir tanto de outras partes do meu corpo que eu não trabalho habitualmente. Muito louco isso.
Era exaustivo, senti muitas náuseas, quase vomitei muitas vezes, chorei, ri, senti um misto de emoções, senti cansaço e dores, foram muitas lágrimas e suor escorrendo pelo corpo...
No quinto dia, fiz a Dinâmica com toda a minha vontade e me veio uma recompensa muito maravilhosa. Senti-me como não me sentia faz tempo, senti um êxtase tão grande, me veio uma clareza sobre a simplicidade da vida, sobre a minha liberdade, dancei tão incrivelmente dominada por esses sentimentos, chorando e rindo de alegria.
Aconteceram inúmeras mudanças internas e externas durante todo o meu processo, entre elas:
A consciência clara, jogada na minha cara de forma urgente do quanto preciso olhar pra dentro.
Observei inúmeras sombras que tenho, e agora posso trabalhá-las.
Me irritei gritantemente, uma irritação louca, com várias coisas e tomei decisões muito importantes para o meu crescimento.
Me percebi fazendo coisas que não acho nada legais.
Constatei que ainda me coloco em lugares e situações que não fazem mais o menor sentido pra mim.
Notei o quanto ainda permaneço na engrenagem ao invés de tomar as rédeas da minha própria vida.
Coloquei fim em um relacionamento em que havia muitas coisas lindas e gostosas, mas em que olhávamos para direções totalmente opostas e mesmo que de forma inconsciente tentávamos mudar o outro o tempo todo. Olhar isso e nos ver cometendo essa violência um com o outro foi de cortar a alma.
Decidi me jogar em alguns processos terapêuticos fortíssimos como forma de autoconhecimento e autocuidado.
Percebi a necessidade de praticar as técnicas de meditação ativa diariamente e aprender a ser de fato meditativa na vida.
Só tenho a agradecer ao Osho, ao curso e à vida, por me proporcionarem a possibilidade de me enxergar e a partir daí poder me cuidar.
Remexer-se e olhar-se pode ser doloroso, mas é muito rico e compensador poder ir aos poucos aprendendo a utilizar o córtex cerebral e conseguir ir, no meu tempo, diferenciando as programações mentais das vontades reais, caminhando no objetivo de tornar-me mestre de mim mesma.
Só gratidão!