Sushumna Nadi, o rio de Kundaliní
publicado por Sasha - TANTRA TERRA
Sempre que falamos de Tantra, falamos não só de técnicas e práticas corporais de intervenção direta, como a massagem Tântrica, ou mesmo da filosofia que aborda práticas diárias que estão em contato direto com nossas ações sentimentos e pensamentos.
Falamos também de entrar em contato com uma energia não tão densa quanto o corpo físico e seus órgãos vitais, e não tão sutil quanto o corpo energético, ou mais a nível de alma e espírito.
Quando falamos de Tantra também falamos sobre o fluxo de energia vital, energia orgone livre saudável pelo corpo e para o corpo em impulso benéfico da vida. As teorias de Freud para a neurose fundamentaram a pesquisa de Reich para a descoberta da energia orgone.
Reich, considerado a ovelha negra da psicanálise, acreditava que que traumas e bloqueios impediam o livre fluxo de energia vital no corpo, desenvolvendo doenças e desequilíbrios físicos e mentais. Ele afirmava também que a energia orgone está em constante movimento (como a própria natureza e seus ciclos) e que inclusive atua e influencia na formação do tempo.
Para Reich, um estado de orgone positivo está presente nas situações expansivas, felizes, solares, úmidas e quentes, enquanto o orgone negativo se apresenta por sua vez em situações rígidas, contraídas, tenebrosas, secas e frias.
A palavra Nadi, vem da raiz Nãd, que significa rio, córrego ou fluxo, e que são os canais pelos quais circula sua força vital no corpo sutil. No âmbito da densidade, no corpo físico, elas podem ser comparadas ao sistema circulatório. Temos no corpo dois sistemas circulatórios sanguíneos, o arterial e o venoso, que numa comparação ao corpo sutil de energia dos Nadis são Ida Nadi e Pingala Nadi.
Estes dois sistemas de Nadis, assim como no sistema circulatório tem suas funções distintas. Enquanto Ida Nadi carrega a força Yin, de energia feminina, composta pelos elementos água e terra, é lunar, materno, interno e repousa dando forma ao ser, Pingala Nadi é o seu polo oposto complementar de força Yang, masculina, composto pelos elementos fogo e ar, é solar, paterno, externo, baseado na ação e no fazer.
Enquanto Pingala semeia a terra, Ida espera florescer. A vida acontece nesse pulsar a todo instante, seja de forma sutil, seja de forma material. E assim como no campo da fisicalidade ambos os sistemas circulatórios mantem o equilíbrio de um só corpo físico, isso também se reflete no campo do sutil.
Este princípio dual está dentro e fora de nós, mas unidos por um complemento fundamental que assim como no campo denso, ambos os sistemas circulatórios são unidos pelo corpo físico, no campo sutil da energia de fluxo vital é a manifesto por Sushumna Nadi.
Sushumna Nadi é o principal canal energético do corpo e que circula da base da espinha até o topo da cabeça. Não por acaso, nossa anatomia física é disposta nessa dualidade com dois braços, duas pernas, duas orelhas, dois olhos. Mas se reparar bem, temos centralizado junto a coluna vertebral a genital, o umbigo e a boca, que são canais chaves para Sushumna Nadi.
Esse canal é o responsável por carregar e elevar a energia Kundalini, nossa força evolutiva primal e vital interna através de praticas do Tantra, de meditação e mesmo do Yoga. É através desse canal que desagua a energia vital sutil do corpo passando pelo canal primário do chakras, ativando nosso alinhamento interno superior, para longe dos desequilíbrios propostos pela vida atual e seus grandes desafios.
Quando nossos polos de energia Yin e Yang, Ida e Pingula, masculino e feminino estão em equilíbrio e balanceadas, Sushumna Nadi se abre e flui livremente a energia vital, a força Kundalini, fazendo com que nossa vida seja eterno fluxo e ruptura.
Mover-se em direção ao processo de movimento natural é o propósito do Tantra e da força vital. Assim como uma veia ou artéria obstruída causa dano ao corpo físico, canais de energia e fluxo vital obstruídos podem causar danos aos diversos níveis de corpos que compõe nossa existência, causando igualmente danos ao corpo físico na sua forma de existir e permanecer no meio e no espaço em que se atua.
O Tantra te ensina a ser rio, e ser rio é ser fluído, é levar vida por onde se percorre, é ter sua própria forma e seu próprio intento.