O Tantra no combate da anorgasmia
publicado por Sangito Deva
Uma das disfunções sexuais que mais atingem mulheres em todo o mundo é a incapacidade de atingir o orgasmo – tecnicamente chamada de anorgasmia. Assim como diversas dessas disfunções, a anorgasmia pode ter origens fisiológicas – uma lesão neurológica, algum trauma medular ou no sistema nervoso – porém a maioria dos casos trata de questões psicológicas – experiências traumatizantes, educação sexual extremamente repressora, falta de informação e conhecimento do próprio corpo, etc.
O que muitas vezes parece ser um problema secundário, de menor importância, pode acarretar em uma série de consequências e sequelas, não só para a mente quanto para o corpo. O orgasmo tem função terapêutica – ele reequilibra a produção hormonal, alivia tensões, reduz o nível de estresse, diminui a dor e aumenta a fertilidade. Tudo isso mexe com autoestima, com a maneira da mulher se perceber. Não é raro encontrarmos, dentre as vítimas desse mal, mulheres que aceitam essa condição, pensam que simplesmente não foram feitas para o orgasmo e que desistem de se relacionar.
O Tantra e a sensação orgástica
A terapia tântrica tem se mostrado muito eficaz no tratamento da anorgasmia feminina. A abordagem que o terapeuta tântrico costuma adotar nesses casos, geralmente, se inicia com a desgenitalização do orgasmo. A sensação orgástica – as descargas bioelétricas geradas por agrupamentos musculares devidamente estimulados – não está vinculada estritamente aos genitais, como a maioria imagina. É possível senti-la com estímulos em todo o corpo. No tratamento da anorgasmia, essa expansão da sensibilidade pode ser libertadora e só o início desse processo já apresenta uma série de relatos de cura.
A Terapêutica Tântrica
Mas, durante os atendimentos de terapia tântrica, o próximo passo, após a desgenitalização do orgasmo, é a tonificação dos músculos do órgão sexual. É muito comum entre as mulheres anorgásticas que seus músculos vaginais estejam despreparados e hipotônicos. Da mesma forma que um atleta precisa preparar seu corpo para uma grande prova, os músculos sexuais também podem ser tonificados para elevar o nível de prazer e a carga bioelétrica que podem sustentar. Para isso são sugeridas algumas sessões de massagem tântrica que, não apenas os desenvolve, mas também conecta esses músculos a outras cadeias musculares no organismo, expandindo ainda mais a sensação orgástica. Algo completamente diferente da masturbação, por exemplo, que condiciona a pessoa aos mesmos estímulos, trabalhando um grupo limitado de músculos.
Descobrindo e conhecendo seu corpo
O principal resultado é o descobrimento e reconhecimento do próprio corpo. Encontrar os gatilhos, as alavancas que impulsionam o próprio prazer. E para conseguir levar seu paciente a esse patamar de autopercepção, o terapeuta precisa estar desconectado de qualquer intenção de sexo ou desejo. Todo o toque, toda a massagem, embora atinja a região dos genitais e trabalhe com a energia do orgasmo, não pode e não deve ter nenhum cunho sensual. Não existe essa relação em um atendimento de terapia tântrica e não pode existir; esse viés sexual só aumenta o condicionamento trazido pela paciente à sessão e reforça ainda mais os bloqueios tanto psicológicos quanto fisiológicos. É um trabalho que requer uma grande entrega, por isso deve ser feito com muito respeito pelo corpo do outro. Para o Tantra, todo corpo é divino e deve ser tratado como tal.