Você se considera uma pessoa orgástica?
publicado por Deva Harischandra
O orgasmo é muito benéfico para a nossa saúde em todos os sentidos. Provoca intensas sensações de prazer, de êxtase, de conexão com o divino, libera uma enorme quantidade de hormônios que geram amor, bom humor, alegria, bem estar, vontade de compartilhar coisas boas, aproxima e nutre as relações entre os casais...
Contribui muito para o autoconhecimento, autoamor, consciência corporal e energética, pode nos levar a incríveis experiências de expansão de consciência, a dissolver couraças, a ressignificar memórias dolorosas e traumáticas. Nos faz sentir-nos vivos, alegres, de bem com a vida, cheios de energia, sorrisos e gentilezas a distribuir, nos faz transbordar os sentimentos mais bonitos...
É bem triste constatar que grande parte das mulheres ainda nem conhece essa sensação. Devido a valores repressores, crenças incutidas desde a infância de que sexo é errado, feio, sujo, promíscuo, que “mulher direita” não pode se tocar, quanto mais gostar de sexo. Ou que assumir que não estar tendo orgasmos revele um defeito seu. E aí, acabam fingindo para agradar ao parceiro, para que ele acredite que sabe proporcionar muito prazer a ela e se sinta bem. E ela vai levando a vida, cada vez com menos vontade de ter relações sexuais. O que é absolutamente normal, já que não sente prazer. E o casal vai se distanciando, a relação vai se desgastando.
Devido a essa carga cultural machista que carregamos no consciente, no inconsciente e nas nossas células, muitas mulheres sequer tiveram coragem de olhar a própria vulva. Se tocar então? Muito mais tabu ainda. Saber o que lhe dar prazer? Nem se fala.
A palavra yoni é uma palavra do sânscrito que significa “portal da vida”, “passagem divina”, “lugar do nascimento”, “templo sagrado”, “fonte de vida” e é o órgão sexual feminino. É exatamente tudo isso que esse órgão é. Não uma parte do corpo da qual devemos nos envergonhar, reprimir, fingir que não tem importância... Mulher, olhe pra sua yoni com os olhos que ela merece.
Muitos homens aprendem a desenvolver a sua sexualidade baseados na pornografia. Acabam condicionados a buscar o prazer através de estímulos visuais e sensoriais padronizados, muitas vezes violentos e degradantes às mulheres, e vão se desconectando cada vez mais da sua sexualidade natural. O sexo passa a ter o objetivo da ejaculação, como um alívio, um jogar fora as tensões, e não uma troca energética revigorante, de qualidade e benéfica para ambos. O prazer não está na relação em si, em cada momento, há uma busca pelo fim, pelo chamado “final feliz”, e a mulher acaba ficando em segundo plano nesse processo.
Esses condicionamentos podem gerar disfunções, que se não forem tratadas, levam a uma série de dificuldades, travas e a uma vida sexual não satisfatória e plena. A sexualidade é uma parte muito importante em nossas vidas e se a negligenciamos, certamente não teremos uma vida saudável. Grande parte dos homens têm orgasmos de poucos segundos, desconhecem que têm um potencial orgástico que os possibilita sentir orgasmos múltiplos, e que esse potencial apenas precisa ser explorado e desenvolvido.
A maioria de nós, fomos concebidos a partir de um único orgasmo, que foi o nosso pai que sentiu. Você já parou pra pensar o quão absurdo é isso?
Todos nós, se estivermos em condições organicamente saudáveis, temos muitas possibilidades de sentir orgasmos, com o corpo inteiro, inclusive. Todo o nosso corpo é orgástico, mas muita gente continua acreditando que o orgasmo está apenas nos genitais.
É possível ter orgasmos, com carícias, massagens, com beijo, com estimulação dos seios, do clitóris, do ponto G. É possível aos homens ter os chamados orgasmos secos além dos ejaculatórios, e orgasmos com o estímulo da próstata. A penetração é apenas uma das tantas formas de estimular o corpo para atingir os orgasmos.
A massagem tântrica é uma excelente ferramenta para trabalhar o desenvolvimento do potencial orgástico. Casais que aprendem a técnica para aplicar um no outro, aumentam bastante a conexão e os laços afetivos. É um trabalho incrível!
Nosso corpo é capaz de nos proporcionar sensações tão maravilhosas. É uma pena que por questões socioculturais, morais e de controle social, muitas pessoas acabam não dando a devida importância a essa capacidade natural que temos.
O Tantra traz à luz a visão da sacralidade do sexo. É o sexo que traz a vida a esse mundo. Se não tivesse havido uma relação sexual, você não estaria aqui e não poderia experienciar a vida.
Como pode ser errado, feio, sujo, ruim ou degradante algo que na verdade é tão bonito? Nós é que o fazemos belo ou feio. São as nossas escolhas com relação ao sexo que farão dele sagrado ou não. São as nossas atitudes. Portanto, não condenemos o sexo.
Mas, ser uma pessoa orgástica é para muito além do “ser capaz de sentir orgasmos sexuais”. É ter prazer na vida de uma forma geral. Seja ao sentir o sol, a brisa, a água do mar, da cachoeira, da chuva ou do chuveiro ao tocar o seu corpo, ao lavar a sua alma. É ter prazer em sorrir e em ver sorrisos, em ensinar e aprender, em trocar abraços e beijos, em dançar do jeito que sentir vontade e permitir a música te levar, em papear com um amigo, em praticar o bem, em lançar um olhar de carinho, de acolhimento, uma palavra doce, uma gentileza. É ter prazer em agradecer por tudo o que se é, pela oportunidade em vivenciar essa experiência terrena, em partilhar, em sentir os pés no chão, em se conectar com a natureza, com os elementos, com a intuição, com a sabedoria ancestral, de seus mestres e amigos espirituais. É ter prazer em respirar, em trocar, em fazer uma leitura agradável, em se permitir descansar e desfrutar, em se expressar das mais diferentes formas, em meditar, enfim. Em tudo o mais que te inspire a sentir-se vivo.
Ser uma pessoa orgástica é viver com alegria, conectado com a própria essência, dando valor ao que de fato tem valor, incluindo tudo o que pertence, compreendendo ao outro, amando a si mesmo e transbordando esse amor por aí.
Por um mundo em que a cada dia tenhamos mais pessoas orgásticas, compartilhando dos mais diversos prazeres entre si.